Foto: ZMendes |
Não raras vezes os Montanhistas são taxados de radicais e "ecochatos". Uma das razões para tal alegação se baseia justamente num clássico princípio do Montanhismo; que trata da "mínima interferência na Natureza; e que dela nada se deve extrair, a não ser imagens". Mas será mesmo que somos chatos radicais?
Nesses anos dedicados ao Montanhismo não foram poucas as vezes em que fui confrontado sob esse aspecto. De fato seria hipocrisia negar que há Montanhistas radicais e chatos. Mas radicais e chatos estão presentes e atuando em qualquer atividade mundo afora. Até na vadiagem há chatos e radicais...
Mas o que nos faz abordar esse assunto é que esse questionamento volta e meia parte de amantes da "arte mateira". Estes exercem enorme influência social se comparado aos Montanhistas. Uma das provas desse poderio influente está no Youtube. São vários canais que tratam desses temas, alguns com dezenas, centenas de milhares de seguidores. Isto tem uma redundância enorme, de até difícil mensuração!
Esse poder de influência em despertar adeptos e simpatizantes é benéfico, é um exemplo que poderia ser seguido pelos Montanhistas. Mas talvez pelo marcante desapego comum aos Montanhistas, muito raramente alguns sobressaem. Pouco afeitos a polêmicas ou publicização de pensamentos, o próprio Youtube pode ser um parâmetro: por lá não há nenhum montanhista com influência comparável ao menor da arte mateira! Em matéria escrita e de opinião, muito mais raro ainda...
Alheio a estas questões, um pensamento notado junto aos pares, é que o Montanhista é grande respeitador e admirador dos amantes de outras correntes; e por muitas vezes executor de técnicas, seja da sobrevivência, do bushcraft e até da preparação. Aliás, para o Montanhista conhecer estas técnicas chega a ser uma necessidade! No fundo são correntes irmãs! A diferença talvez esteja no plano da necessidade!
Ao Montanhista é mais que suficiente passar e estar no meio natural para completar sua satisfação. Não necessita para tal retirar da Natureza nada necessário a isto completar. Também não necessita para sua satisfação nada modificar. Portanto, seu trânsito no meio natural é bastante fluído!
Como para a "arte mateira" alguma intervenção na natureza faz-se necessária, é consenso que isto não poderia ser desenvolvido em todo e qualquer lugar. Um desses lugares seriam em áreas de preservação ou de grande interesse e relevância natural, por exemplo. Logo a prática dessas correntes, em especial do bushcraft requer dado planejamento diante de dada necessidade.
Ademais é preciso compreender o aspecto genérico daquele princípio básico do Montanhismo. É elaborado para um parâmetro dentro da normalidade da prática. Mas é evidente que, em casos de necessidade usufruir das oportunidades que a Natureza disponibiliza chega a ser imperioso. Ninguém em sã consciência poderia ser contra isto! E isto nos ajuda a compreender a importância de certas práticas do conhecimento e lazer das artes mateiras.
Portanto, não há razão para taxações inadequadas. Em todas as correntes há muito mais pontos comuns que divergentes! E de fato, nada se tem de radical no Montanhismo. É apenas questão de planejamento, necessidade e equilíbrio. De resto, o respeito vem por consequência!
Bons ventos!
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