Travessia Lapinha ao Intendente

Mirante Oeste Cânion Peixe Tolo

A Travessia Lapinha ao Intendente é uma rota que liga o arraial da Lapinha, município de Santana do Riacho; à região da 'Sede' do Parque Estadual da Serra do Intendente PESI, próximo ao Distrito do Itacolomi, município de Conceição do Mato Dentro; região Centro-Norte de MG.

Cruzando uma região de incrível beleza e imensa riqueza natural; a Travessia seu formato original totaliza aproximadamente 65 km. Essa quilometragem pode variar para mais ou para menos; dependendo da opção logística ou atrativos a visitar.

Partindo da Lapinha a rota segue a Estradinha Tansamante. Cruza as RPPN's Brumas do Espinhaço, Ermos Gerais, e Faz Gutierrez; prosseguindo até quase o alto da Serra para Candeias. Nesse ponto através de velhas trilhas de vaca toma sentido Sul em direção à região do topo do Cânion do Peixe Tolo; adentrando nas terras do PESI. A partir desse ponto descente a Serra até o Córrego Teodoro, passando pelas Cachoeiras do Altar e Rabo de Cavalo; finalizando na região do Peixe Tolo.

Estivemos no trecho no feriado de Corpus Christi 2019. Bem entrosados e com o objetivo de curtir o percurso realizamos uma divertida e bonita pernada...

Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento, melhor aproveitamento. Recomendável que leia este relato para melhor compreender esta rota.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

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Relato Dia 1


Deixamos BH em torno de 2h00 do dia 20 de junho. Viagem tranquila, beirando 5h30 já estávamos em nosso local de desembarque; um pouco antes da antiga Fazenda Virgulino, já na estradinha Transamante ao norte do arraial da Lapinha.

Optamos por não iniciar no arraial da Lapinha; uma vez que a rota cruza as RPPN's Brumas do Espinhaço e Ermos Gerais. Esses locais mantém cotas diárias de visitação para o seu atrativo principal, a Cachoeira do Bicame. E não queríamos correr riscos de não visitá-la.

Ao chegarmos no ponto escolhido para inicio da caminhada a lua ainda brilhava naquele céu de inverno. Fazia até um friozinho gostoso e típico das manhãs no mato. Aproveitamos para complementar nosso cochilo, nos reabastecer de água numa moradia próxima que estava fechada e ainda disputar algumas mangas com o gado presente.

Passava das 7h00 quando ajeitamos as tralhas e iniciamos nossa pernada pela estradinha Transamante no rumo Norte. É o mesmo trecho que dá acesso aos atrativos locais da Bicame e Soberbo, sendo também o trecho inicial das várias rotas de travessias que seguem para o Norte da região.

Em curto trecho cruzamos duas porteiras e passamos pelos conhecidos Pé de Manga, brejinho e antigo acesso ao Poço do Soberbo. A estradinha seguiu seu trajeto em piora progressiva; mas praticamente em nível.

À nossa esquerda tínhamos um vale espremido pelo belo paredão do conjunto das Serras do Abreu; então iluminado pelos primeiros raios de sol...

Novo posto de controle do Soberbo
Após curto aclive pela desgastada estradinha por volta de 7h50 chegamos até a porteira da Fazenda Cachoeira. O aviso de que o acesso à veículos está interditado desde 1992 por lá permanece.

Também ali, ao lado esquerdo da cerca de tábuas agora se constrói um simpático posto de controle para acesso ao Poço do Soberbo; outro grande atrativo naquela região.

Como nosso destino não era o Soberbo, cruzamos a porteira e prosseguimos pela Transamante. Irregular e erodida em vários pontos; o que encantava era a paisagem daquela manhã ensolarada. Aquilo nos indicava um dia pra lá de quente, apesar do iniciar invernal.

Placa das RPPN's
Passava das 8h30 quando percorremos outro aclive mais acentuado e chegamos à porteira da RPPN Brumas do Espinhaço. É também o mesmo acesso à RPPN Ermos Gerais; ambas contínuas e pertencentes ao mesmo grupo de proprietários. O grande atrativo dessas reservas é a famosa Cachoeira do Bicame, cujo acesso diário é limitado a 30 visitantes.

Fizemos uma parada para descanso e curtição da vista. É um ponto muito bonito, cujo quadro Sul é de cair o queixo. Após uns 20 minutos nos dirigimos até a administração das RPPN's bem próximas dessa porteira de entrada.

No posto de controle procedemos os trâmites burocráticos. Como a lotação diária ainda estava a completar podíamos visitar a Cachoeira do Bicame. Com isso tivemos que deixar nossas cargueiras ali no posto de controle. Ocorre que atualmente a adm das RPPN's não mais permite seguir com cargueiras para a Cachoeira.

Na verdade a visita à Bicame era desejada. Mas sabíamos que isto seria um 'atraso' em nossa pernada; pois apesar de existir um caminho alternativo após a Bicame no mesmo sentido da nossa Travessia programada não poderíamos percorrê-lo.

Assim, teríamos que ir até à Bicame e retornar novamente à adm para somente então retomar nossa pernada normal. Na prática, ida e retorno à Cachoeira totalizam 9 km; significando uma perda de 4,5 km na caminhada. Mas enfim, paciência!

Jardins na rota para a Bicame
Nos enrolamos num café com pastel na adm e já passava das 9h30 quando corremos para a Bicame. A trilha é linda e sem percalços; e estava de fato bonita. Mas justamente a obrigação em ir e retornar parecia nos deixar cansados antes mesmo do iniciar...

Mas seguimos pela trilha batida no rumo Noroeste e em bom estado; exceto em alguns pontos cuja erosão parece não estar sendo controlada pela administração das RPPN's. Mas não há pontos duvidosos pelo trajeto.

O único incômodo naquela manhã era o sol forte aliado à ausência de sombras. Isto nos fez perder rendimento à medida que avançávamos. Mas beirando 11h00 chegamos à Cachoeira do Bicame.

As quedas duplas da Bicame
O conjunto da Cachoeira do Bicame é mesmo uma joia (confira foto); algo que paga qualquer sacrifício para estar ali. Naquela manhã a água do grande poço estava gelada! Demorou para nos animar a molhar os pés. Enquanto isso aproveitei para circular nos arredores e observar os diversos ângulos do lugar. Uma lindeza!

Talvez o friozinho invernal tenha espantado os visitantes, pois incrivelmente o lugar estava vazio. Somente próximo ao nosso retorno é que chegaram os primeiros caminhantes; todos admirados com tamanha beleza!

Após curtir o lugar tínhamos que retornar às cargueiras. Sob sol das 12h30 iniciamos nosso retorno pelo mesmo caminho da ida. Apesar do calorão imprimimos bom ritmo, pois às 13h40 já estávamos novamente no posto de controle junto às cargueiras. Aproveitamos para descansar, reabastecer e tomar umas limonadas.

Já passava das 14h00 quando reiniciamos nossa pernada sob um solzão de rachar. Seguimos em ritmo lento pela estradinha Transamante. Em aclive ignoramos a saída à esquerda que segue para a Bicame que acabávamos de percorrer.

Tomamos agora o rumo Norte. A estradinha encontra-se em estado precário, com erosões, buracos e ausência de redirecionamento de enxurradas. À nossa frente e a cada curva observávamos o caminhar de um casal.

Também começamos a ouvir som de motocicletas. Sem demora passam por nós e em velocidade dois motociclistas praticantes de trilhas.

Prosseguimos a pernada e mais alguns metros despontamos na porteira do "Ermo". Por lá o casal que pouco antes víamos a cada curva segurava a porteira frente aos dois motociclistas. Ao nos aproximar os motociclistas deram meia volta e retornaram sentido posto de controle.

Fomos então 'recebidos' pelo casal. Era dois dos proprietários das RPPN's locais. Observamos que seus rostos não escondiam a tensão do momento! Indagados informamos sobre nosso destino. Após infinitos 10 segundos de tenso silêncio abriram a porteira e autorizaram nossa passagem; não sem antes lançar avisos em tom repreensivo.

Agradecidos educadamente prosseguimos a caminhada. Logo adiante aguardei a aproximação de duas amigas que estavam mais atrás. Ao aproximar uma delas reclamava de mal estar. Suspeitava da limonada lá da administração; mas não viu necessidades de outras medidas...

Prosseguíamos nossa pernada normalmente quando ouvimos mais barulho de motocicletas. Ao olhar para trás vemos um grupo grande de motociclistas na porteira aonde estavam os proprietários das RPPN's. Tudo indica que por ali se passou um embate. Como somos da paz e alegria seguimos nossa jornada.

Formações do conjunto da Serra do Abreu
A Transamante nos leva então a aproximação de uma bonita encosta do conjunto da Serra do Abreu. Após uma água funda e uma pequena ponte adentramos em um trecho sombreado. Foi um alívio; porém o acentuado declive; com erosões e rochas em vários pontos judiava dos joelhos.

Nossa esperança é que o Vale do Rio das Pedras se abria entre as árvores, já bem próximo. Sem demora a estradinha se estabilizou. Prosseguimos então cruzando o bonito Vale.

Rio das Pedras na passagem da Transamante
Em torno de 15h30 chegamos até a passagem molhada do Rio da Pedras; um alívio providencial. Tiramos as botas e cruzamos o rio; que é muito bonito pelos seus remansos e matinha ciliar. Deixávamos então as terras da RPPN Ermos Gerais. Aproveitamos para nos reabastecer. 

Como nossa amiga ainda não estava se sentindo bem e ainda tínhamos cerca de 4 km a percorrer até o ponto de pernoite programado julguei ser boa escolha pernoitar por ali; à margem direita do Rio das Pedras; portanto fora da RPPN Ermos Gerais.

Enquanto parte do grupo continuava descansando à margem direita do Rio das Pedras alguns de nós seguimos um pouco adiante para escolher um lugar mais propício para nos instalar. Escolhido, retornei ao grupo. Nossa amiga já se sentia melhor. Mesmo assim optei pela permanência nos arredores.

Seguimos até o ponto escolhido e alguns de nós já nos estabelecíamos por ali. Então chegou até próximo a nós a Sra que nos recebeu lá na porteira do "Ermo". Bastante exaltada nos passou um áspero corretivo; inclusive usando chulo palavreado. Rapidamente deu-nos as costas e retornou para suas terras juntamente com o outro proprietário que a aguardava à margem esquerda do Rio das Pedras! Não houve clima para novamente nos apresentar; mostrar nossos princípios e explicar por quais circunstâncias ali estávamos.

Como não somos pedra de tropeço para quem quer que seja, resolvemos prosseguir nossa caminhada até o ponto de pernoite inicialmente programado; ou outro qualquer mais distante daquelas terras. Juntamos as tralhas e prosseguimos pela Transamante.

Vale do Rio das Pedras e o conjunto da
Serra do Abreu ao fundo
Após o Rio das Pedras a estradinha se transformou em dois sulcos. Adiante cruzamos um afluente do Rio das Pedras. Pouco depois observamos um cocho de boi à nossa direita. Ao fundo a Serra do Abreu. Um bucólico conjunto naquele lindo fim de tarde pelo Vale do Rio das Pedras; lugar único e cheio de paz...

Em suave aclive galgamos um morrote. Despontamos frente a um raso vale, marcado por fina mata ciliar. Em suave declive e por alguns atalhos em trilhas por volta de 17h00 atingimos a matinha ciliar; que escondia um preguiçoso e pequeno córrego.

Cruzamos o riachinho e pouco adiante nos estabelecemos à beira da estrada. Foi o mesmo local que utilizamos quando fizemos a Lapinha a Tabuleiro pela Rota Norte anos atrás. Até poderíamos subir um pouco mais e nos estabelecer noutro ponto bem mais acima. Mas o adiantado da hora era um obstáculo!

No inverno a noite chega rápido. Tratamos então de armar acampamento e cuidar dos afazeres comuns. Enquanto nos ajeitávamos passou por ali um casal motociclista na sua jornada de volta do trabalho. Ademais foi puro sossego; uma noite feliz e recuperadora!

Relato Dia 2


Acamps. Foto de Léo Muniz Divinópolis
O segundo dia da nossa pernada amanheceu aberto, lindo e ensolarado. Até enrolamos um pouco na partida. Sem problemas, pois a jornada daquele dia não seria longa.

Passava das 8h30 quando iniciamos a nossa pernada pela Transamante. Iniciamos em aclive e margeamos aquela velha, conhecida e gigantesca voçoroca que a cada ano aumenta mais.

Após a erosão ignoramos uma saída sul e tomamos rumo norte em aclive. Trecho em campo aberto. À medida que avançamos morro acima todo o Vale do Rio das Pedras no sentido Sul foi-se abrindo, emoldurado pela Serra do Abreu. Paisagem magnífica!

Serra do Abreu. Pico do Breu ao fundo
Seguimos sem pressa e através de atalhos a estradinha apresentou curta estabilização. Cruzamos uma porteira e prosseguimos. Nesse ponto, e a uns 400 metros à esquerda corre a mesma água que cruzamos lá embaixo no dia anterior. É então uma opção de pernoite e abastecimento mais avançado para os casos de necessidade.

Prosseguimos e sempre em aclive; agora mais suavemente. Em meandros fomos contornando o desnível. Pouco antes das 10h00 saímos em área plana, um local muito bonito, com admirável formação ao sul.

Nessas imediações nosso destino seria então deixar a Transamante e percorrer o topo da encosta suave ao Sul. Aproveitamos para fazer uma parada para descanso. Uns 15 minutos depois retomamos a jornada, pois apesar do sol ventava bastante e aquilo nos esfriava rapidamente.

Deixamos a Transamante em definitivo. Seguimos cruzando os campos no rumo Sudeste através de arremedos de trilhas de vaca. Em suave aclive encontramos um veio estabilizado e nele nos mantivemos.

Curral de arame. Campos a perder de vista
Logo a ampla campina superior da encosta abriu-se à nossa frente. Ali prosseguimos; agora em suave declive. Tínhamos como referência um velho curral de arame; aonde chegamos por volta de 10h40. Observamos gado nos arredores; além da carcaça de um deles.

No curral há trilhas por todos os lados. Mas nos mantivemos no rumo Sudeste e em suave declive, buscando um veio de água que corre aos pés da encosta oposta. O sol judiava um pouco, mas a brisa sempre presente nos refrescava.

Deixando o veio de água
Uns dez minutos em declive suave desde o curral e chegamos ao veio d'água. Devido a seca e presença de gado a água aparentemente se mostrava imprópria. Mas fizemos uma parada junto às rochas na margem esquerda. Tínhamos campos a perder de vista e no rumo Nordeste uma encosta suave.

Esse ponto é estratégico, pois é possível subir a encosta de campos praticamente em linha reta. Já no topo da encosta cruzar a estradinha da divisa e a cerca do PESI e rapidamente atingir a parte superior do Mirante Oeste do Peixe Tolo.

Mas não fizemos isso. Como tínhamos tempo de sobra definimos que iríamos primeiro até nosso pretendido acampamento. Lá deixaríamos as tralhas e prosseguiríamos em ataque até o Mirante Oeste do Cânion do Peixe Tolo por outro acesso.

Retomamos a pernada pouco depois das 11h00. Através de uma trilha de vaca seguimos cortando o campo praticamente no mesmo sentido. Poucos metros adiante já observamos a mata aonde acamparíamos. Esta mata está localizada ao Norte das primeiras nascentes do Córrego Teodoro. Navegação tranquila e visual, às 11h40 chegamos ao lugar.
Região do Acamps
Além de um local bastante agradável, este também era um ponto estratégico para nossa Travessia. Ocorre que em época de seca encontrar água naquele alto de serra não é tão simples. E ali nas imediações da mata é o único lugar onde há maiores chances de encontrar água.

Tratamos logo de armar acampamento na borda da mata; onde passa a velha estradinha praticamente desaparecida. Trecho muito agradável, repleto de clareiras e protegido pelas sombras. Em poucos minutos já estávamos instalados.

Passou por nós quatro caminhantes que se dirigiam para a região do Rio das Pedras; a mesma de onde vínhamos naquele dia.

Pouco depois das 13h00 partimos somente com mochila de ataque rumo ao Mirante Oeste do Peixe Tolo. Alguns amigos optaram por permanecer descansando no acampamento. Nós outros seguimos pelos rastros da velha estradinha em suave aclive rumo ao alto da encosta Norte.

Rapidamente beiramos a cerca da divisa do Parque. Ali os restos da velha estradinha seguem para o Noroeste, sempre na cumeada da serra. Prosseguimos por mais uns 500 metros nessa estradinha, quando cruzamos a cerca praticamente em linha reta com o Mirante Oeste do Peixe Tolo.

O corte do Peixe Tolo desde o Mirante Oeste
Da cerca iniciamos o trecho em declive, desviando dos afloramentos. Identificamos uma velha e desgastada trilha e nela prosseguimos. Após uns 30 minutos desde o acampamento o gigantesco corte do Peixe Tolo estava à nossa frente.

Este é um ponto significativo do Parque do Intendente. É uma vista completa; não somente do Cânion do Peixe Tolo, com seus incríveis paredões. O lugar também proporciona uma vista espetacular de toda aquela vasta região no rumo Leste.

É um lugar imperdível, daqueles em que se poderia permanecer por horas e horas a observar... E foi o que fizemos!

Aquela linda tarde ensolarada permitia observar com nitidez as serras e vales, de longe e de perto. Inclusive ao Norte lá estava imponente o Pico do Itambé. Ali embaixo, nas imediações do Distrito do Itacolomi observávamos até o vai e vem das pessoas... Lugar incrível!

Beirava às 15h00 quando iniciamos nosso retorno ao acampamento. Pelo mesmo trajeto da ida, pontualmente às 15h25 já estávamos de volta ao lugar. Restante do dia dedicado aos afazeres normais e ao descanso.

Nosso Acamps no click de Léo Muniz Divinópolis
Sim, estar à toa em um lugar tão bonito é ocasião especial que sempre devemos aproveitar. A tarde prosseguia ensolarada, mas a ventania chegou de vez e não dava tréguas... Aproveitei para ir até o remanso próximo coletar água; encontrada com êxito.

Um pouco mais tarde aproximou do nosso acampamento duas possantes camihonetes. Incrédulos até imaginávamos se tratar de alguém que outra vez viria regrar nosso acampamento.

Ao se aproximar alguns rapazes desembarcaram e circularam pelos arredores. Com olhares curiosos nos cumprimentou amistosamente, ao longe. Mas pareciam surpresos com nossa presença por ali. Como não pareciam se tratar de alguém a nos vigiar seguimos nossa vida...

Eles permaneceram à distância conversando. Um deles adentrou à mata e parecia coletar lenha. Outros tomaram alguns equipamentos e se dirigiu para a borda da mata, um ponto mais afastado de nós. Mais um tempo e reembarcaram nas camihonetes. Seguiram para o alto da encosta, tendendo à leste e bem distante de onde estávamos.

Ficamos curiosos com aquela movimentação. Mas como não fomos abordados diretamente permanecemos tranquilamente no lugar. Normalmente tocamos nossos afazeres.

Valeu sol, inté!
À medida que a noite se aproximava a temperatura caiu um pouco. A ventania também se fortaleceu. Mas ainda pudemos contemplar um bonito por do sol; embora o tempo mostrasse sinais de mudança!

A noite caiu e junto seguimos nossos afazeres. A ventania continuava forte. Ouvíamos ao longe a conversa vinda do pessoal das camihonetes lá do Leste. E aquilo permaneceu noite adentro.

Acordei pela madrugada e ainda escutei falas e gritos. Certamente aquela situação não era algo comum. Mas também não nos preocupou. Apenas suspeitamos que se tratavam de pessoas ainda pouco familiarizadas com pernoites em área natural.

Pela madrugada observei que nosso acampamento estava tomado por uma espessa neblina. Mas não fazia frio. No geral foi mais uma noite agradável; apenas o som da ventania que nos fez despertar algumas vezes!

Relato Dia 3


Acamps nebuloso. Foto do Léo Muniz Divinópolis
Ao contrário dos dias anteriores o terceiro dia amanheceu coberto pela espessa neblina. Aquilo não nos permitia ver grandes coisas adiante, mas deu ao lugar ares cinematográficos. A mata envolta em brumas estava linda, misteriosa, um caos isolado e ao mesmo tempo organizado...

Logo cedinho recebemos a visita de alguns daqueles que haviam chegado ao lugar na tarde anterior. Só aí soubemos que se tratava de uma vivência-formação de pastores de uma Igreja Evangélica de BH. Incrível!

Pois bem, assim como no segundo dia aquele seria um dia de jornada curta, afinal estávamos em um trekking programado para tranquilidade. Ainda fui até o ponto de água fazer uma coleta; ocasião em que não se via mais que uns dez metros à frente, tamanha a espessa neblina.

Neblinão escondendo a descida da Serra
E foi assim, cobertos pela neblina que em torno de 9h30 deixamos nosso acampamento. Percorremos curto trecho da estradinha da divisa que havíamos seguido no dia anterior. Na verdade, apesar de desgastada essa estradinha liga a região do Campo Redondo até a Transamante

Em poucos minutos chegamos à cerca da divisa do PESI. Ali cruzamos através de uma tronqueira. Apesar de existir outro caminho para a saída inicial optamos por essa que desce a serra mais rente ao corte do Peixe Tolo.

Mas essa escolha tem um preço, que é uma descida alongada e bastante íngreme através de velhas trilhas. Seguimos então trilha abaixo. Poucos metros de descida e a neblina começou a dar sinais de dispersão.


Cânion do Peixe Tolo em meio à neblina
Desviamos alguns metros da trilha e chegamos às 10h00 até um mirante à nossa esquerda. Pudemos então observar toda a beleza do lugar; bem como os indícios de tempo parcialmente nublado.

De volta à velha trilha a vista foi-se se ampliando à medida que vencíamos a forte declividade da encosta. Mais abaixo a trilha se apresentou com bastante cascalho; algo bastante comum pelo Espinhaço. Cruzamos uma porteira e alguns mirrados pontos de água. Fizemos uma paradinha para aglutinação.

O lombo do Peixe Tolo
Por volta de 10h30 cruzamos um outro ponto de água, que é a principal do trecho. Esta é a fonte que corre para o Cânion do Peixe Tolo e ao atingir a borda do paredão formará a Cachoeira Sul do interior do cânion. Mas pelo pouco volume de água observado na ocasião certamente a queda naquele momento não passaria de respingos.

A partir desse ponto de água a trilha segue em declive mais suave; atingindo uma curta estabilização. Ao atingi-la havíamos então vencido quase 300 metros de desnível desde a tronqueira da divisa no alto da Serra.

Região do acesso ao Mirante Sul
Por volta de 10h50 aproximamos de grandes afloramentos que marca o melhor ponto para deslocamento até o Mirante da Queda Sul do Peixe Tolo. Para atingi-lo não há trilha definida; apenas alguns arremedos de trilha de vaca.

Como havia pouca água no curso formador que cruzamos instantes atrás optamos por não ir até o Mirador. Apenas fizemos uma parada para descanso às margens da trilha.

Pouco depois das 11h00 retomamos a pernada. Passamos por uma área de campos com rala capoeira à nossa direita. De rumo Leste até então demos uma guinada no rumo Sul, em declive. Cruzamos uma área úmida que mostrava sinais de incêndios passados.

Ao contornar as cabeceiras de um outro corte de serra voltamos ao rumo Leste. Em suave declive e entre afloramentos fomos nos aproximando da borda da Serra. Mais alguns metros de caminhada pela velha trilha e chegamos pouco antes do meio dia até o Mirante da Cachoeira Rabo de Cavalo.

Incríveis paredões pras bandas da Rabo de Cavalo
Deixamos nossas cargueiras na trilha e nos deslocamos até à beira do precipício. Visual espetacular do Vale e região. Destacava à nossa direita os paredões que circundam a Cachoeira Rabo de Cavalo. Que lugar, simplesmente mágico.

Permanecemos por ali mais de meia hora a contemplar tão belo lugar... Foram tantos registros que meu celular descarregou; no que fui salvo pelo carregador solar dos amigos de Divinópolis...

Retomada a pernada seguimos por rastros de velhas trilhas. É um trecho curto pela encosta. Porém é íngreme, com muitos afloramentos e recoberto por formações arbustivas. À medida que descendo a trilha desapareceu. Deparamos então com a única serpente em toda a nossa Travessia.

Um pouco confuso, talvez tenhamos tomado uma saída ou um ramo equivocado, mas bastou manter o rumo do Córrego Teodoro, já observado em sua parte alta que tudo evoluiu. Logo contornamos uma mancha de mato pela direita e vencemos o trecho.

Identificamos uma trilha consolidada mais abaixo após grandes blocos de afloramentos. Dali foram apenas mais alguns passos para pontualmente às 13h15 chegarmos ao bonito Ribeirão Teodoro.

Poção no Teodoro
Propositalmente chegávamos cedo ao lugar para podermos curtir essa parte do Teodoro. Além da Cachoeira do Altar seus vários poços e corredeiras permitem um mundo em exploração. E foi o que logo procuramos fazer.

Cada qual ao seu modo foi se distrair. Aproveitei para dar uma circulada na região e verificar se o velho Rancho do Teodoro ainda estava de pé. Sim lá estava, porém o velho acesso até o Córrego Teodoro via drenagem natural estava completamente impedido pela vegetação. Nesse giro deparei com uma caixa de papelão repleta de bananas, algumas maduras.

Ribeirão Teodoro
Retornado até o Córrego Teodoro aproveitamos para girar pelo leito. Enquanto alguns preferiram curtir os poços e a Cachoeira do Altar, alguns de nós seguimos leito abaixo pulando pedras. Porém, à medida que fomos avançando o tempo fechou e começou a cair uma fina chuvinha.

Como se tratava de um lugar sem escape retornamos imediatamente até o ponto da passagem do Teodoro onde estavam nossas tranqueiras. Mas a chuvinha foi apenas um alarme falso. Logo voltamos a girar; dessa vez prosseguindo até a porção superior.

Mais tarde ajeitamos nosso acampamento nas pequenas áreas às margens da trilha que dão acesso ao velho rancho e ao topo do Cânion do Rio Preto, que é onde está a legítima Serra do Intendente. Restante do dia similar aos outros, dedicados aos afazeres normais. Aquela já era nossa última noite no mato. Incrível como o tempo corre rápido...

Relato Dia 4


Cachoeira do Altar
O último dia da nossa jornada seria igualmente curto em distância, mas não menos belo. Acordamos cedinho e o tempo estava parcialmente nublado. Ajeitamos as tralhas e deixamos a ponto de partida. Mas antes de partir tínhamos que curtir um pouco mais daquele significativo atrativo.

Adentramos pelo leito do Ribeirão Teodoro e pulando rochas chegamos novamente a Cachoeira do Altar. É uma bonita queda com um pequeno, mas bom poço. É mesmo um recanto divino.

Quedas na parte alta da Rabo de Cavalo
Da Cachoeira do Altar prosseguimos leito abaixo até o topo da Cachoeira Rabo de Cavalo. Lugar significativo, grandioso, único. A bonita queda anterior à Rabo de Cavalo e acessível apenas na sua parte superior mostrou-nos um quadro muito particular.

Linda vista, espetacular pelos paredões nos arredores. Como eles impressionam. Talvez uma passagem rápida resulte num lugar comum e similar a tantos outros pelo Espinhaço. Mas quando observamos com calma é que compreendemos o quão é grandioso. E perigoso também, pois adiante são precipícios com dezenas e dezenas de metros...

Paredões da Rabo de Cavalo
Permanecemos um bom tempo por ali. Depois retornamos até nossas cargueiras subindo o leito do Teodoro. Em torno das 10h00 iniciamos nossa descida rumo a Cachoeira Rabo de Cavalo.

Após saborear umas bananas encontradas no dia anterior cruzamos uma tronqueira e aproximamos do velho Rancho do Teodoro. As coisas ali não parecem bem, com aspecto de abandono. Bom para as formigas e cupins que passaram a habitar o casebre.

Interior do velho rancho
Após o rancho adentramos em trilha sob a mata. Fazia bastante calor, mas era fruto do ar abafado, pois o sol não estava forte. Logo à frente passamos pela saída à direita que leva até o Córrego Teorodo-Altar.

Em suave aclive ainda pudemos observar a bonita Cachoeira do Altar através de um mirador.

Mirante da Cachoeira do Altar
Na sequência a trilha entra em suave declive. Cruzamos uma pinguela e o panorama permaneceu. Após uns 15 minutos de caminhada a mata começou a dar sinais de raleamento.

Iniciamos então forte e acentuado declive. Mais abaixo e já em campo aberto a trilha se apresentou repleta de cascalho; como é comum em muitos pontos pelo Espinhaço.

Aproximando o final. Foto Léo Muniz
Seguimos o curso normal da trilha no rumo norte e em direção às primeiras casas da região. Não demora e a trilha desembocou numa precária vicinal. Adiante ignoramos um curva à direita tomando um atalho por trilhas. Cruzando uma cerca saímos então no ponto de acesso a uma residência à esquerda.

Desse ponto bastaram poucos passos para às 11h20 aproximarmos do ponto aonde antigamente havia um trailer do PESI. Paradinha para aglutinação. Por lá alguns automóveis e um grupo de SP que se preparavam para retornar à Capital.

Após um dedo de prosa com os paulistas tomamos o rumo da Cachoeira Rabo de Cavalo. Trilha boa, acessível e sinalizada.

Rapidamente chegamos até o ponto aonde costumeiramente estão os funcionários do Parque. Queríamos deixar as mochilas por lá e seguir até à cachoeira no modo ataque. Mas não encontramos ninguém. Seguimos então proseando sobre isso quando topamos com um funcionário que tudo escutava...

Sim, ele nos recebeu no novo ponto de apoio; uma pequenina cabana de madeira à esquerda da trilha. Lá fizemos os trâmites burocráticos e deixamos nossas cargueiras. Rapidamente corremos para a Rabo de Cavalo, aonde chegamos pouco depois do meio dia.

Cachoeira Rabo de Cavalo
A Cachoeira Rabo de Cavalo é simplesmente magnífica. É uma queda respeitável do Córrego Teodoro, formando um grande e profundo poção. Com trilha manejada e sinalizada o lugar é acessível. É portanto um lugar bastante visitado na região.

Ao nos aproximar da Cachoeira preferi permanecer no Mirante e por lá descansar curtindo a vista. Os amigos correram para deliciar o lindo poção. Infelizmente o sol não saiu forte naquele momento. Segundo os corajosos a água do poção estava muito, muito gelada... Talvez por isso havia poucos visitantes no lugar!

Em torno de 13h10 deixamos a Rabo de Cavalo. Pelo mesmo trajeto da ida às 13h25 já estávamos no Posto de Controle do PESI. Cargueiras nas costas e mais 10 minutos de pernada já estávamos no antigo Posto, local aonde aguardamos nosso resgate.

Aproveitamos para conversar com locais, coletar umas laranjas, tratar de uns cachorrinhos, jogar papo fora... Pontualmente às 14h00 nosso resgate chegou. Embarcamos e corremos para um almoço tardio na Casa-Bar do Geraldo Odora. 

Bar do Geraldo. Ao fundo o Peixe Tolo
Instalado na boca do Peixe Tolo é um lugar muito agradável, regado pela simpatia do Geraldo. Por lá muita prosa boa, muita risada da boa e muitas histórias da região. Além de boa comida e uns aperitivos, Geraldo também disponibiliza uma área para acampamento.

Após o delicioso e caseiro almoço era hora de voltar pra casa; pois nesta ocasião não incluímos visita ao interior do Cânion do Peixe Tolo. Então, por volta das 16h00 embarcamos e iniciamos tranquila viagem de regresso à BH; aonde chegamos em torno de 20h40.

"Nóis"
Agradecido sempre pelos companheiros de jornada. Foram dias divertidos e entrosados, um giro especialmente surpreendente e agradável. Muito grato!

Nota: Não visitamos o interior do Cânion do Peixe Tolo nessa ocasião. Para quem deseja incluir o atrativo basta seguir da Rabo de Cavalo sentido Restaurante do Geraldo. Há uma estradinha, mas há também alguns atalhos por trilhas. Do restaurante bastará cruzar o ribeirão e seguir em direção ao Cânion. Navegação puramente visual.

No cânion a trilha é inicialmente manejada e sinalizada. A partir de certa altura basta acompanhar o leito pulando rochas. O interior do cânion é único, com duas grandes quedas que despencam do paredão. A queda Norte apresenta maior volume; porém reduz consideravelmente na seca. Já a queda Sul praticamente desaparece na seca. Há bons poços no trecho.

Serviço


A Travessia Lapinha ao Intendente é uma rota que liga o arraial da Lapinha, município de Santana do Riacho; à região da 'Sede' do Parque Estadual da Serra do Intendente PESI, região do Povoado do Parauninha, Distrito do Itacolomi, município de Conceição do Mato Dentro; região Centro-Norte de MG.

Partindo da Lapinha a rota segue a Estradinha Tansamante. Cruza as RPPN's Brumas do Espinhaço, Ermos Gerais e Gutierrez; prosseguindo até quase o alto da Serra na virada para Candeias. Nesse ponto através de velhas trilhas de vaca toma sentido Sul-Sudeste em direção à região do topo do Cânion do Peixe Tolo; adentrando nas terras do PESI. A partir desse ponto descente a Serra até o Córrego Teodoro, passando pelas Cachoeiras do Altar e Rabo de Cavalo; finalizando na região do Peixe Tolo; próximo ao Povoado do Parauninha.

Cruzando uma região de incrível beleza e imensa riqueza natural; a Travessia seu formato original totaliza aproximadamente 65 km. Essa quilometragem pode variar para mais ou para menos; dependendo da opção logística ou atrativos a visitar. A altitude máxima aproximada da Travessia é 1.450m e a altitude mínima 700m.

Além do marcante conjunto paisagístico, os atrativos da rota são a Cachoeira do Bicame na sua parte inicial. Na porção intermediária estão os Mirantes Oeste e Sul do Cânion do Peixe Tolo; o Mirante da Cachoeira Rabo de Cavalo, o Córrego Teodoro com o seu pequeno cânion onde se encontram além de vários poços, a Cachoeira do Altar e o topo da Rabo de Cavalo. Já na parte final da rota estão a parte inferior da Cachoeira Rabo de Cavalo e o interior do Cânion do Peixe Tolo. 

A maioria desses atrativos são opcionais, o que deixa a rota menos engessada e adaptável conforme o desejo do caminhante. Além disso tanto o trecho inicial a partir da Lapinha, bem como as ligações Rabo de Cavalo x Peixe Tolo podem ser percorridos de automóvel, o que diminui a quilometragem.

Vale ainda lembrar que parte dessa rota é a mesma que segue para o Tabuleiro pelo Norte; e para Extrema via Transamante ou Córrego Fundo; bem como acesso ou passagem para outros atrativos e circuitos na região.

O Parque Estadual da Serra do Intendente PESI


Localizado nos Distritos de Tabuleiro e Itacolomi, ambos no município de Conceição do Mato Dentro, o PESI foi criado em 2007 e ainda não está totalmente implantado. A regularização fundiária dos seus pouco mais de 13.500 hectares encontra-se na fase de levantamentos. 

Apesar da fase incipiente do PESI, as trilhas de acesso aos atrativos do Peixe Tolo, Rabo de Cavalo na região do Parauninha; e Rio Preto-Congonhas na região do Tabuleiro são sinalizadas e limpas. Mas não conta com estrutura de camping, centro de visitantes, abrigos ou similares, Não há cobrança de taxas para visitação. 

O Parque também é conhecido porque a clássica Travessia Lapinha a Tabuleiro percorre trechos da parte alta da Unidade; onde há sinalização e Posto de Controle na região do Campo Redondo. É vizinho ao Parque Municipal do Tabuleiro aonde se localiza a famosa Cachoeira do Tabuleiro. Juntos desenvolvem um bom trabalho naquela região. O PESI é também rota da futura TansEspinhaço.

Além da parte alta da Serra do Intendente e arredores, são vários os seus atrativos nas imediações do Distrito do Itacolomi-Povoado do Parauninha. Além das já mencionadas Cachoeiras do Altar, Rabo de Cavalo e Peixe Tolo, nessa mesma região estão as Cachoeiras do Roncador e a Cachoeira da Roda.

Já pras bandas do Distrito do Tabuleiro estão o Cânion do Rio Preto, onde há vários poções e remansos; e a singela Cachoeira de Congonhas-Zé Cornicha.

Distâncias aproximadas


BH a Santana do Riacho: 120 km asfalto
Santana do Riacho à Fazenda Virgulino/Lapinha: 12 km estrada de chão
Rabo de Cavalo ao Distrito do Itacolomi: 10 km estrada de chão
Peixe Tolo ao Distrito do Itacolomi: 10 km estrada de chão
Itacolomi a Conceição do Mato Dentro: 20 km, sendo 5 km estrada de chão
Conceição do Mato Dentro a BH: 168 km asfalto

Como chegar e voltar

Cidade referência: Belo Horizonte

De ônibus
Ida: Viação Saritur até Santana do Riacho → Táxi de Santana do Riacho à Lapinha; ou no Cotovelo da Lapinha seguir até as imediações da Fazenda Virgulino; que é até onde se pode chegar com carro comum. Em veículos 4 x 4 é possível chegar até a Faz Cachoeira; ou até mesmo à RPPN Brumas.
Volta: Táxi da Rabo de Cavalo ou do Peixe Tolo ou do Distrito do Itacolomi para Conceição do Mato Dentro → Viação Serro até BH.

► Para frequências e tarifas, consulte as empresas de ônibus
► Não há linha regular de ônibus de Santana do Riacho para Lapinha
► É possível também seguir da região da Rabo de Cavalo ou Peixe Tolo ou Itacolomi até a rodovia que liga CMD à Congonhas do Norte. Na rodovia embarcar em ônibus da Viação Serro para CMD

De carro
Ida: MG 10 até o Distrito da Serra do Cipó → Acesso para Santana do Riacho → Estrada de terra até a Lapinha; ou no Cotovelo da Lapinha seguir até as imediações da Fazenda Virgulino; que é até onde se pode chegar com carro comum. Em veículos 4 x 4 é possível chegar até a Faz Cachoeira; ou até mesmo à RPPN Brumas.
Volta: Da Rabo de Cavalo ou do Peixe Tolo ou do Distrito do Itacolomi seguir para Conceição do Mato Dentro → Rodovia MG 10 de Conceição do Mato Dentro até BH.

► Atentar para o fato de que a Travessia tem início e final em locais distintos e distantes. Programe sua logística in/out boca da trilha.
► Ao final é possível ser resgatado tanto no acesso à Rabo de Cavalo quanto no acesso ao Peixe Tolo.

Considerações Finais

► Unidade de Conservação - Parque Estadual: Essa Travessia corta o Parque Estadual da Serra do Intendente PESI. O Parque não oferece sistema de reservas, cobrança de ingresso, pernoite ou uso de trilhas; pois não há infraestrutura implantada. Quando visitamos unidades que se encontram nessa situação é recomendável que mantenhamos contato com a Unidade e avisemos das nossas intenções. É importante que a Unidade tenha ciência de quem está caminhando pelas terras do Parque, pois isto poderá ser orientado; além de gerar estatísticas, estudos e melhorias. Os funcionários são gentis, dedicados e solícitos. O contato do PESI é (31) 3868-2878

► Unidades de Conservação - RPPN's: Essa Travessia corta terras das RPPN's Brumas do Espinhaço, Ermo Gerais e Faz Gutierrez. São basicamente rotas de passagens e não oferecem serviços de infraestrutura ao visitante.

► São nas terras das RPPN's Brumas do Espinhaço e Ermo Gerais que se localiza a Cachoeira do Bicame. O local tem visitação controlada e limitada a 30 visitantes dia. Portanto se o visitante tem interesse em visitar esse atrativo é importante que chegue cedo ao Posto de Controle dessas unidades sob pena de dar com as caras na porteira. A RPPN não permite ida de caminhantes com cargueira para a Cachoeira. Logo, eventual visita ao atrativo durante a Travessia terá que ser feito no estilo ataque.

► Trilhas e Trajeto: Predomina o sentido Sul-Norte-Leste. Sombreamento em aproximadamente 5% do trajeto. Há subidas e descidas; mas a variação altimétrica é relativamente baixa. O declive mais acentuado é no trecho da descida da Serra  até a região da Cachoeira Rabo de Cavalo, já dentro do PESI. Há trechos com estradinhas vicinais no início e final da Travessia; muito embora se possa utilizar desvios em alguns pontos. Restante do trecho com trilhas antigas, ora bem marcadas, ora pouco marcadas. Há pontos com trilhas se cruzando e algumas bifurcações importantes; requerendo atenção na navegação.

► Trilhas e Trajeto - Estrada Transamante: esta estradinha liga a região da Lapinha, município de Santana do Riacho à região de Extrema, município de Congonhas do Norte. Seu estado é precário e principalmente no seu interior não passa de dois sulcos. Os trechos iniciais e finais embora mais amplos se apresentam precários, com erosões, buracos e outros danos. O acesso para caminhantes é liberado e garantido. Já o acesso motorizado não é permitido.

► Logística de Acesso: Início e final em pontos distintos e distantes. Como em toda Travessia, a logística de acesso-regresso costuma ser a parte mais complicada para o praticante; pois quase sempre se tratam de pequenas localidades em que transporte público é escasso ou simplesmente não existe. Dependendo do dia e horário, essa situação pode exigir a contratação de serviços de táxi ou então combinado com amigos; ou então restando a alternativa de se fazer longos trechos à pé por estradinhas vicinais. Portanto, analise as condições e faça bom planejamento antes de realizar a travessia! As estradinhas de terra para o início e final da Travessia encontram-se em bom estado.

► Camping: Não há estrutura de camping no PESI ou na rota da Travessia. Proibido acampamento nas RPPN's. Eventuais outros acampamentos serão no estilo natural. Não faça fogueiras e traga todo o seu lixo de volta!

► Camping: Nas extremidades dessa Travessia há camping, tanto na região da Lapinha quanto na região do Parauninha-Peixe Tolo. Porém devido a localização são pouco utilizados por aqueles que realizam essa Travessia.

► Água: Há pontos de água pela rota, porém não são bem distribuídos por todo o trecho. Inicie abastecido. A partir do Rio das Pedras as fontes tornam-se mais escassas. Importante se abastecer nesse ponto ou no próximo, a cerca de 4 km, que também é uma fonte perene. Na época das chuvas é possível encontrar água com maior facilidade, mesmo na subida, virada e descida da serra; muito embora sejam fontes intermitentes. Porém na época da seca - em especial no período mais crítico entre agosto e setembro - toda a subida, virada e descida da serra será praticamente seca. Nesses casos a próxima fonte segura após o Rio das Pedras será somente no Córrego Teodoro; ou seja, já na parte final da Travessia. Fique atento! Use sempre purificador!

► Exposição ao Sol: Intensa. Use protetor solar.

► Época de realização: O melhor período para realização dessa travessia é de abril a setembro; que é a época mais seca na região. Porém é quando as águas das cachoeiras estão mais geladas e em menor volume; bem como as fontes de água escasseiam. Mas é mais seguro, uma vez que sob chuva forte a rota pode se inviabilizar, pois há córregos e rios importantes a serem cruzados.

► Tempo e Sentido para realização: 3 dias seria o formato suficiente para a realização. Em 4 dias é o formato indicado para intensa curtição. Mas é possível realização em 2 dias de caminhada mais apressada. Quanto ao sentido da Travessia, nossa opinião é que Lapinha x Intendente é o sentido mais proveitoso.

► Segurança: Até a subida da Transamante a dica é retornar ao início na Lapinha. No alto da Transamante a dica é descer para Candeias. Já a partir do alto do Intendente a dica é caminhar normalmente para o final da Travessia. Mas tenha em mente que em qualquer uma dessas opções as rotas podem ser longas. Não há estrutura de busca e resgate seja no PESI ou nos arredores. Não há sinal de telefonia celular pela rota; nem obviamente terminais telefônicos. Porém no alto da Serra do Intendente costuma ter sinal de telefonia, embora inconstante.

► Atenção: Ambientes naturais abrigam insetos e animais selvagens ou peçonhentos. Isto é natural e normal. Portanto ao manusear suas roupas e equipamentos verifique com atenção e rigor se não há presença desses animais ou insetos; evitando acidentes. Também fique atento quanto a presença de animais selvagens de grande porte; e evite assustá-los.

► Cash: leve dinheiro trocado e em espécie. Pequenas localidades não aceitam cartões ou cheques.

► Carta Topográfica: Baldim

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► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons Ventos!

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