Modelo A10 da fabricante Suunto Fonte: www.suunto.com - Adaptação: Chico Trekking |
Assim, neste primeiro post serão demonstradas as partes principais de uma bússola cartográfica e para que se destina cada uma delas; além de orientação básica de navegação com a bússola sem mapa/cálculo de azimutes. Porém, antes de entrar no tema propriamente dito, abordarei o conhecimento dos pontos cardeais, colaterais e seus graus, que é o princípio básico que orienta a navegação e que está representado no limbo giratório de qualquer bússola.
Esta é a primeira postagem da série de duas em que procurarei oferecer uma noção básica sobre o modelo de navegação manual com Carta Topográfica e Bússola. Será uma abordagem simples e os temas serão os seguintes:
► Navegação Manual: Conhecendo a Bússola
► Navegação Manual: Conhecendo a Carta Topográfica
Navegação Manual: Conhecendo a Bússola
A Bússola é um instrumento de navegação com fundamentos magnéticos. Não se sabe com precisão a sua origem, mas credita-se aos chineses, lá pelo século IX. Foi sendo aperfeiçoada ao longo dos anos e com isto surgiram vários modelos. História à parte, para a navegação no meio natural em que é comum se utilizar de mapas auxiliares, o modelo mais indicado é a Bússola Cartográfica, também conhecida como Bússola Silva.
Isto não quer dizer que outros modelos não servem. Ocorre que a Bússola Cartográfica, ao contrário do modelo tradicional, é confeccionada sobre uma superfície transparente e em acrílico, onde se concentram várias informações que facilitam a vida do aventureiro. Além disso, alguns modelos permitem o ajuste automático da declinação magnética, que é um fator importante para uma navegação mais precisa.
Os pontos Cardeais, Colaterais e os Graus
Globo e a Rosa dos Ventos, com os pontos Cardeais e Colaterais Fonte: geografalando.blogspot.com.br |
Rosa dos Ventos completa, com os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, com suas respectivas siglas Fonte: geografalando.blogspot.com.br |
Os pontos cardeais são o Norte, Sul, Leste e Oeste do Globo. Para identificá-los basta um exercício simples, aprendido em escola primária: apontamos nossa mão direita para o lugar que o sol nasce: este lado é o leste. A nossa mão esquerda indicará o Oeste. à nossa frente estará o Norte e atrás o Sul.
Como há uma grande distância entre um ponto e outro, entre esses existem os chamados pontos colaterais, que são o Nordeste, situado entre o Norte e o Leste; o Sudeste, situado entre o Leste e o Sul; o Sudoeste, situado entre o Sul e o Oeste; e o Noroeste, situado entre o Oeste e o Norte.
Há também os pontos subcolaterais, situados entre os cardeais e os colaterais, porém na prática eles são bem menos usados. Juntando todos os pontos forma-se o tradicional desenho conhecido como Rosa dos Ventos.
Unindo os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais seguindo o sentido horário forma-se um eixo de 360 graus. O Norte é o 0º e também o 360º. Os outros pontos cardeais e colaterais estão distantes a 45º uns dos outros. Este eixo de 360º é aquele que está representado no limbo da Bússola. Por isso devemos ficar atentos, pois existem bússolas com várias graduações ou marcações dos graus. Mas importa saber que, quanto menor as graduações constantes em uma bússola, mais precisa será a navegação nela baseada.
Agora que compreendemos um pouco mais sobre os pontos cardeais e colaterais podemos passar à conhecer com mais detalhes a Bússola Cartográfica.
A Bússola Cartográfica
Modelo A10 da fabricante Suunto Fonte: www.suunto.com - Adaptação: Chico Trekking |
Normalmente uma Bússola Cartográfica possui os seguintes e principais elementos:
Base: normalmente em acrílico, é transparente para facilitar a visualização em conjunto com os mapas e sustenta todo o conjunto.
Agulha imantada: localizada dentro da cápsula, possui extremidade imantada e na cor vermelha que aponta o Norte Magnético.
Agulha imantada: localizada dentro da cápsula, possui extremidade imantada e na cor vermelha que aponta o Norte Magnético.
Portão: é uma seta ou uma marcação na mesma direção do Norte cuja finalidade é favorecer o alinhamento da agulha.
Limbo giratório: parte móvel, é onde ficam as marcações dos graus de 0º a 360º (o mesmo da Rosa dos Ventos). O Norte é o 0º e o 360º, por isso esse ponto também é chamado de Norte do Limbo. Suas marcações orientam os cálculos obtidos em graus.
Linhas Meridionais: são linhas marcadas no interior da bússola e destinam ao alinhamento preciso da bússola com o mapa utilizado.
Escala de Declinação: destina-se ao ajuste da graduação da bússola à declinação magnética. Os modelos que possuem esta escala normalmente permite a possibilidade de ajuste manual da declinação.
Limbo giratório: parte móvel, é onde ficam as marcações dos graus de 0º a 360º (o mesmo da Rosa dos Ventos). O Norte é o 0º e o 360º, por isso esse ponto também é chamado de Norte do Limbo. Suas marcações orientam os cálculos obtidos em graus.
Linhas Meridionais: são linhas marcadas no interior da bússola e destinam ao alinhamento preciso da bússola com o mapa utilizado.
Escala de Declinação: destina-se ao ajuste da graduação da bússola à declinação magnética. Os modelos que possuem esta escala normalmente permite a possibilidade de ajuste manual da declinação.
Linha de Fé, ou Seta de Direção, ou Azimute: destina-se à localizar e orientar a direção conforme os graus de um ponto escolhido.
Escalas: localizadas nas extremidades da base, é uma informação adicional indicada em km ou m, que visa simplificar os cálculos de distância conforme a escala de um mapa.
Régua: localizada nas extremidades da base é destinada a calcular distâncias entre pontos em um mapa; ou traçar linhas sobre o mesmo.
Compreendida as partes principais de uma bússola, podemos então começar a utilizá-la. Porém, antes de usarmos a bússola, é bom sabermos que não é em todo lugar que este aparelho funciona corretamente. Ao utilizá-la, devemos manter distância de fios de alta tensão, cabos telefônicos, grandes objetos metálicos, veículos e até cercas de arame farpado! Além disso, a bússola deve ser posicionada na horizontal e deve ficar estável (mesmo que nas mãos) para que não ocorram erros nos cálculos.
Primeiramente vamos aprender a utilizar a bússola sem o auxílio de um mapa. É um ótimo exercício de aprendizagem e o meio mais simples de navegação e destina-se principalmente à navegação de curta distância.
Navegando com a Bússola - Cálculo de Azimutes
De um modo simples, podemos dizer que Azimute é o nome dado a uma direção qualquer e portanto, referenciada em graus, pois como visto acima, para qualquer direção que viermos a olhar corresponderá a um determinado grau entre 0 e 360. Os azimutes resultados de cálculos simples baseados na bússola e sem ajuste de declinação são chamados de azimutes magnéticos. Aprender a calcular um Azimute, ou seja, descobrir o grau de uma direção é fundamental. Por exemplo, em casos de encruzilhadas e bifurcações, se já sabemos o grau (ou o azimute) em que devemos prosseguir, basta que o confirmemos na bússola e seguirmos pela rota correta.
Para se calcular azimutes de alguma referência, que pode ser uma montanha, uma cidade, um lago etc; há as seguintes situações:
Se já temos o azimute:
► Giramos o limbo da bússola até alinhar o grau do azimute que temos com a linha de fé;
► Estabilizamos a bússola horizontalmente nas mãos;
► Vamos girando o corpo até que a agulha (ponta vermelha) se alinhe com o portão da bússola;
► Pronto: a direção apontada pela linha de fé é a direção (azimute) a seguir.
Se precisamos encontrar o azimute:
► Apontamos a linha de fé na direção do ponto desejado;
► Giramos o limbo da bússola até que fiquem alinhados o portão e a parte vermelha da agulha;
► Pronto: o grau alinhado com a linha de fé é o azimute daquela referência.
Azimute Reverso
Estas duas situações listadas acima são indicadas para quando desejamos ir em determinado lugar. Se nesse lugar chegamos, para voltarmos aonde estávamos começaremos a praticar o chamado azimute reverso, que é a direção em graus usada para se retornar ao ponto de origem. Para se utilizar o azimute reverso existem dois cálculos muito simples:
► Se o azimute calculado para ida for menor que 180 graus, basta somar 180 graus a este e aí obteremos o azimute reverso.
► Se o azimute calculado para ida for maior que 180 graus, basta diminuir 180 graus a este e aí obteremos o azimute reverso.
Desviando de obstáculos pelo caminho
Seria muito simples se pudéssemos sempre mirar uma direção, tirarmos o azimute e nos deslocarmos livremente em linha reta pelo terreno. Mas nem sempre isto é possível. Pode ser que no trajeto exista alguma fenda, cânion, depressão, lagoa, rio impossível de ser atravessado no ponto desejado... Esse caso não é complicado, mas dependerá muito da observação do navegador. Antes de iniciar a caminhada certifique-se de que o destino possa ser observado de outros pontos, do contrário poderá ficar sem referência. De todo modo, quando se está sem um mapa em mãos o fundamental é navegar por distâncias menores.
O procedimento padrão para ultrapassar obstáculos é o seguinte:
► Tiramos o azimute do ponto desejado;
► Iniciamos o deslocamento;
► Ao nos aproximarmos do obstáculo, simplesmente o ultrapassamos pelo modo que acharmos melhor e depois, já posicionados em outro local, identificamos novamente o ponto desejado, tiramos novo azimute e caminhamos em sua direção.
Há um outro modo de se fazer isto, que é através de deslocamentos a 90 graus (que poderão ser à direita ou para a esquerda) de modo a contornar o obstáculo e voltar na posição de alinhamento inicial. Esse procedimento é muito fácil de ser utilizado, principalmente em provas ou situações onde o terreno é regular. Entretanto, sabemos que caminhadas no ambiente natural nem sempre permitem que se faça isto com precisão. Ademais, dada a irregularidade, marcar tempo e distância nestas condições requer muita prática e autoconhecimento.
►► Importante: Quando passei por situações semelhantes, na maioria das vezes procurei observar bem o terreno, identificando referências secundárias antes de iniciar a caminhada; e assim, sempre preferi tirar outros azimutes ao longo do trajeto. Isto porque nem sempre teremos o nosso objetivo à vista durante o deslocamento. Vale lembrar que, a medida que praticamos, podemos tirar proveito de várias situações e evitarmos fazer grandes incursões somente com a bússola. Para aventuras maiores, é sempre bom termos um mapa sempre à mão!
Mapas
Falando em Mapa, a Bússola nos oferece várias outras possibilidades além destas descritas neste artigo. Trata-se da Navegação em conjunto com a Carta Topográfica. Esta atividade conjunta permite fazer cálculos mais aprofundados, permitindo uma navegação a grandes distâncias. Este assunto será abordado no próximo post.
Para acessá-lo, clique no link abaixo:
Bons ventos!
Última atualização: Nov 2017)
Apesar da super explicação, sinceramente, sempre achei difícil o manuseio com Bússola. Pra mim, o ideal teria que ser mtas e mtas aulas práticas rsss
ردحذفMas, sem dúvidas o texto ficou perfeito e....com mtas agulhadas pra mim principalmente, na questão da "gastura e alergias de fazer cálculos".
Bom, agora pelo menos, já sei onde é meu 'norte'...kkkkkk
Muito bom Chico!! Parabéns por mais esse ensinamento.
Bjos. *SOL
Olá Sol,
حذفImagina, este post não dá agulhada em ninguém eheh. O objetivo é chamar a atenção quanto à necessidade de aprender a Navegação Manual. Como escrevi, hoje é natural que se use pouco esse modelo devido às facilidades proporcionadas pelo GPS.
Mas só em saber que compreendeu alguma coisa já basta para eu ficar feliz. Tomara que ocorra o mesmo com outros leitores.
Grande abraço, obrigado a você pela paciência na leitura e pela sempre animada companhia. Abração
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