O Brasil é o quinto país do mundo em extensão territorial, com mais de 8,5 milhões de km. Representa quase a metade do território sul americano. Possui mais de 190 milhões de habitantes, o que o torna o maior da América Latina e a quinta nação do mundo em população. O Brasil é também a maior economia do hemisfério Sul e a sexta economia do mundo.
O Brasil possui um território livre de conflitos armados. É reconhecidamente um País pacífico em suas relações internacionais. Além desses aspectos, o Brasil se destaca em diversas outras áreas, como a produção agropecuária, a mineração e o setor industrial em geral, inclusive com indústrias de ponta.
Apresenta ainda um panorama natural impressionante. Biomas diversos, clima agradável praticamente o ano todo e em todas as regiões. Completa a lista a ausência de tormentas naturais; como grandes nevascas, terremotos, furações...
Apesar desse quadro natural favorável e de números impressionantes sob variados aspectos, o mercado outdoor brasileiro é ainda pequeno. Somos um mercado menor que os da Argentina e Chile, países com população, área e economia algumas vezes menores que a brasileira.
Especula-se que os principais motivos da existência de um pequeno mercado outdoor no Brasil estariam ligado a questões culturais, e que seríamos caracterizados por uma sociedade ainda em formação. O outro motivo estaria ligado a fatores econômicos, com uma classe de trabalhadores ainda ávida por consumo de bens duráveis, por eles considerados de primeira necessidade. Há ainda aqueles que especulam baseados em fatores climáticos e geográficos para explicar esse quadro, baseando a justificativa em comparativos, inclusive com os nossos vizinhos sul americanos!
Não obstante às mudanças internas recentes, com o aumento da renda média do brasileiro e o seu acesso a vários mercados mundo afora; bem como a “nova descoberta” desse potencial mercado por parte de empresas estrangeiras, estes ajustes e adaptações ainda não foram capazes de promover mudanças significativas no mercado interno de outdoor.
Quando se divide o mercado outdoor em diversas modalidades, a coisa se complica ainda mais. Por isso, é comum constatarmos marcas nacionais, bem como outras estrangeiras, diversificando suas áreas de atuação. O fazem avançando sobre outras fatias de mercados, como o escolar e o executivo. E o fazem porque somente o mercado de aventura não lhe é capaz de garantir sobrevivência.
Sim, somos nós os responsáveis, motivadores e objetivos fim dos fabricantes de produtos outdoor. Pelo menos é o que se espera! E o tamanho reduzido do mercado brasileiro nos atinge diretamente. Ações até bizarras ocorrem, como aquela em que o praticante de Montanhismo tenha que viajar centenas de km atrás de um estabelecimento que comercialize produtos específicos para atividades de aventura.
Mas existe a internet, diriam alguns. Mas por incrível que pareça há rincões no Brasil em que o e-comerce praticamente ainda não chegou. Um mercado pequeno é ruim para nós consumidores; é péssimo para as empresas do ramo; é irrelevante para o governo, enfim, é horrível para todos! Do ponto de vista do consumidor faltam-nos variedades; faltam-nos concorrentes; faltam-nos produtos adequados aos padrões do físico do brasileiro...
Além disso, os preços dos produtos afins no mercado interno tendem a se elevar. Aliás, não raras vezes se apresentam bem acima do que a maioria dos brasileiros estariam dispostos ou deveriam pagar; ou teriam recursos para tal. O principal fator justificativo alegado seria a elevada carga tributária. Sim, procede, pelo menos em parte; pois quando analisamos detalhes vemos que as margens de lucro por aqui são quase sempre maiores que noutras partes do mundo.
Desse quadro simplificado resulta um círculo vicioso: menos consumidores – menor variedade – menor produção – menor disponibilidade – maiores preços! Está enganado quem imagina que estejamos nos referindo a mercados restritos, como o de alta montanha. Referimos a produtos básicos, como uma simples camiseta para caminhada!
Para não alongar mais, até porque não somos economista, a mensagem nesse post é a de que precisamos urgentemente de mais pessoas praticantes das atividades outdoor, sobretudo aquelas ligadas ao Montanhismo! Isto é possível a médio e longo prazo. Um modo bastante efetivo seria começar pelas escolas; priorizando as atividades externas. Essas ações poderiam influenciar o “modus vivendi” dos mais jovens, mudando a sua visão a respeito da atividade!
Por outro lado, caberiam àqueles que já são praticantes de alguma atividade no meio natural cultivar o gosto pelo compartilhamento das experiências. Essas ações contribuiriam sensivelmente para o aumento dos praticantes de atividades outdoor, porque são baseadas em exemplos. Exemplo é tudo!
Por outro lado, infelizmente notamos um sentimento contrário a uma possível expansão das atividades no meio natural. E curiosamente essa oposição vem justamente daqueles que se dizem praticantes do Montanhismo. Alegam que eventual 'popularização' da atividade acabaria por congestionar as trilhas e montanhas brasileiras, inclusive degradando-as.
Então, para esses reticentes perguntamos: Quantas montanhas existem Brasil afora? Não existem regiões pouco exploradas ou totalmente inexploradas nesse País? Por que não saímos dos roteiros considerados os ‘grand slam’ das montanhas brasileiras?
E as regras existentes? A legislação ambiental para que servem? E o exemplo das boas práticas compartilhadas, para que servem? Bem, essas perguntas nos levariam a uma reflexão: vale mais o compartilhar das ações ou uma estrelinha a mais num currículo? Para que servem as experiências se estas vão conosco para o cemitério?
Por fim, caberia às empresas interessadas e ao governo nos seus diversos níveis incentivar ainda mais as atividades outdoor. Esse incentivo poderia vir através de patrocínios, racionalização fiscal, treinamento de pessoal, formação de brigadas etc. A cadeia envolvida no setor seria imensa; e com potenciais extraordinários. Ao final seríamos mais consumidores - mais fabricantes - maior produção - maior variedade - mais pontos de venda - menores preços!
E para birra e espantos de muitos é possível afirmar que teríamos maior e melhor preservação ambiental. Quem conhece, confia; quem conhece, respeita! Mas não existe mágica, existe realidade. E nós podemos contribuir para uma realidade melhor a bem de todos nós! Por favor, precisamos de mais praticantes das atividades outdoor, sobretudo montanhistas! E isto é pra ontem!!!!
Bons ventos!
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