Altamira a São José Via Pico Montes Claros


Vertente principal do Espinhaço. Altamira de Cima.
Pico Montes Claros é o ponto mais elevado,
à direita na imagem

Travessia Altamira x São José da Serra é um clássico das Minas Gerais. Dada a proximidade à Capital BH e à sua incrível beleza cênica está no rol das travessias que costumeiramente fazem parte da vida inicial do mineiro no mundo trekking. Porém há alguns modos de deixá-la com rosto diverso, acrescentando uma pitada de maior intensidade.

Uma dessas maneiras é a variante que passa pelo Pico Montes Claros. Trata-se de um pico esquecido dos Montanhistas. Diria até marginalizado! Mas este é o ponto culminante Sul do ParnaCipó; e isto já bastaria para torná-lo significativo. Além disso oferece amplo visual de toda aquela região; possibilitando uma aula em localização.

Talvez a "marginalização" do Montes claros venha do seu formato. Diferente da maioria dos Picos clássicos, o Montes Claros tem um formato alongado; ou seja, é um ponto elevado numa espinha de Serra, não se destacando solo na paisagem.

Para compreender isto a imagem que abre esta nossa postagem é uma parcial da Serra da Mutuca. Mostra o Montes Claros visto desde a Rota Normal, a Sudoeste. Trata-se do ponto mais alto à direita na Serra. Isto posto, é bem possível que a maioria dos caminhantes que realizou a Travessia Altamira x São José da Serra não tenha se dado conta de tão importante acidente geográfico na vizinhança..

Já a Travessia, levada a cabo em um ou dois dias, incluir a passagem pelo Montes Claros se comparado à rota normal é até menor em quilometragem. Mas apresenta acentuado desnível inicial - aclive e declive - e um trecho de mais de 4 km sem trilha definida por um terreno ardiloso. É o toque de intensidade na medida certa, sem deixar a Travessia restritiva.

Atendendo a pedido dos amigos cariocas dos Caveiras da Montanha partimos para a Travessia Altamira x São José via Pico Montes Claros. Isto atendia à solicitação logística para uma pernada próxima à BH e baixa quilometragem; porém apresentando certo grau de exigência; além é claro, de beleza natural.

Os trâmites para esse encontro evoluíram. Juntaram-se a nós outros amigos mineiros, modos que no frigir dos ovos éramos um grupo numeroso. Mas os planos cabiam essa particularidade pontual sem comprometer o rendimento e a curtição.

Relato Dia 1


Deixamos BH próximo às 5h00 do dia 19 de outubro. Ao mesmo tempo já recebia o aviso dos amigos cariocas informando que já estavam à nossa espera no combinado ponto de encontro na BR 381 em Sabará. Nos apressamos e passava das 6h00 quando chegamos ao lugar. Matamos saudades e juntos tomamos um rápido café! Sem delongas nos reembarcamos e tocamos non stop para o início da pernada.

Beirava 8h30 quando desembarcamos no ponto de início da trilha da Cachoeira da Braúna; onde há o tal "estacionamento", aproximadamente 1.250m de altitude. Por racionalidade, a variante Via Montes Claros exige outro início para a Travessia; justamente a mesma trilha que leva à maior e mais famosa Cachoeira do ParnaCipó.

A partir de Altamira; mais especialmente o trecho a partir do Rio Preto e até o tal "estacionamento" em Altamira de Cima a estradinha vicinal de acesso não costuma colaborar. Em dias de chuva melhor até esquecê-la! Mas como fazia tempo firme naquela manhã e os motoristas eram bons de roda romperam sem problemas.

No ponto inicial prosseguimos matando saudades, nos enturmando e ao mesmo tempo ajeitando as tralhas, afinal essa é a lei. Faltava uns 10 minutos para as 9h00 quando iniciamos a nossa caminhada. O trajeto inicial é bastante conhecido de nós mineiros, pois leva à maior Cachoeira do ParnaCipó.

Trecho inicial sombreado e em aclive
Foto: RobsonTrilhando

Trilha ampla e trechos sombreados; porém em aclive pela Serra da Mutuca. É sempre assim: os inícios das pernadas são sempre em aclives! O tempo estava agradável; parcialmente nublado; mirando um dia abafado. Ritmo mais acelerado não demorou pra meio mundo começar a se desmanchar em suor...

Após uns 40 minutos de subida pela trilha batida atingimos a divisa do ParnaCipó na Serra da Mutuca, vertente principal do Espinhaço local. Ponto significativo e muito bonito! Mais uns passos pela trilha batida em suave declive e chegamos à nova Base Sul do ParnaCipó.

Aproximando da Nova Base Sul do ParnaCipó
Encostas do Montes Claros à esquerda
Foto RobsonTrilhando

Localizada à esquerda da trilha a aprox 1.450m de altitude; à margem direita de um afluente do Ribeirão Bandeirinhas; a nova Base Sul do ParnaCipó é uma construção simples, pequena, estilo improvisada. Mas é muito importante para apoio e observação da região. Veio para substituir àquela que existia às margens do Bandeirinhas cerca de 3 km adiante e que fora destruída por um incêndio no início de 2019.

Na Base fomos recebidos pelos simpáticos guarda parques. Tempo pra bater bom papo, fazer uma boquinha e nos abastecer, afinal dali pra frente só teríamos o precioso líquido no Jaboticatubas; após subir e descer o Pico Montes Claros. O que até ali seguiu a rota normal para a Braúna, agora tomaria rumo contrário à Noroeste. Trecho em aclive acentuado e sem trilha definida.

Tralhas nas costas às 9h45 tomamos o rumo Noroeste morro acima. Cruzamos um rego d'água que desce a encosta e seguimos por alguns esparsos sinais de trilha de vaca que ainda há por ali. O campo aberto facilita a navegação e vamos escolhendo as melhores passagens, mantendo a direção. A partir da Base até há no trecho uma saída antiga que mais disfarçadamente tende primeiro à Oeste e segue até à margem da pirambeira da Mutuca, para depois seguir para o cume do Montes Claros. Mas optamos pelo trajeto mais curto e óbvio.

Subindo a encosta do Montes Claros
É possível ver a Base Sul bem ao centro da imagem,
já bem distante

Em grupos e mantendo o contato visual vamos subindo tranquilamente. À medida que subimos a vista foi se ampliando. Infelizmente o tempo abafado e um pouco enfumaçado atrapalhou o ver ao longe, mas mesmo assim as encostas impressionam; algo contrastante com os tradicionais e amplos campos do Espinhaço.

Morro acima foram várias as paradinhas, modos que somente às 11h00 botamos os pés no topo do Montes Claros, a aproximadamente 1.679m de altitude (1.697m como afirma a literatura). Um amontoado de rochas, arredores amplos e abaulados, recoberto por vegetação arbustiva: esta é a cara do cume do Montes Claros. Linda é a vista, mesmo prejudicada pela névoa daquela manhã.

Chegando no topo do Montes Claros
Foto RobsonTrilhando

As cumeadas da Serra da Lagoa Dourada surgem imponentes à Oeste; separada pelo estreito e profundo vale das cabeceiras do Rio Preto. Para a banda Sul e Norte a cumeada principal do Espinhaço com seu mundaréu de morros abaulados e recobertos por "zilhões" de rochas. À Leste-Nordeste-Sudeste vales e elevações pras bandas dos limites de Itabira. Um mundão a perder de vista...

Bandas de Serra dos Alves - Itabira
Mesmo com ar enfumaçado nota-se as formações 
da região Sul dos Currais

Permanecemos pouco tempo no Montes Claros, o suficiente para pequeno descanso e apreciar o visual. Por volta de 11h20 já estávamos caminhando novamente pelo abaulado e amplo Montes Claros, um suave colo que o divide de um cume secundário ao Norte. Trilha não há nenhuma por ali...

Seguimos no mesmo rumo Noroeste, perdendo altitude lentamente. Fomos desviando da vegetação e rochas, escolhendo as melhores passagens, deixando definitivamente as terras do Parque Nacional. Bem ao Sul do topo secundário do Montes Claros tomamos rumo Oeste, agora entrando em forte declive através de uma drenagem.

Já em terrenos mais amistosos interceptamos uma velha e quase apagada trilha de vaca, trecho um pouco confuso. Mas bastou manter a direção. Como esperado, o ritmo da pernada caiu bastante. Normal e se justificava, afinal no geral o terreno não era lá muito favorável.

Mais alguns lances e um pouco mais abaixo fizemos uma parada para descanso e aglutinação por volta de 12h30. Avistávamos mais abaixo e já bem próxima a rota normal da Travessia e o alongado vale das nascentes do Rio Preto, emoldurado pela Serra da Lagoa Dourada a Oeste. Ao Sul as bandas do Bicudo! Como é bonito!

Vista desde o Mirante do Vale da Lagoa Dourada
Foto BrunoBrunão

Uns 20 minutos depois retomamos a caminhada pirambeira abaixo. Descemos mais alguns lances, cruzamos uma drenagem e tomamos uma trilha sentido Noroeste. Isto nos levou a desembocar na rota normal da Altamira x São José. Pronto, a tarefa mais difícil do dia estava cumprida.

A vantagem da saída nesse ponto é interceptar a rota normal no seu trecho mais elevado, poupando assim a subida após o Rio Preto; que não é tão íngreme, mas nas condições seria mais um fator cansativo.

Vencido o desafio do Montes Claros seguimos sem delongas pela rota normal. Trilha boa, batida, em suave declive; porém com rochas mil. Aproximadamente às 13h20 atingimos o Mirante do Vale da Lagoa Dourada, um tempo excelente! Por lá estava um grupo de jovens e adolescentes que faziam a travessia orientados pelo seu professor.

Nos aproximamos, jogamos as cargueiras no chão e fomos descansar apreciando a vista. É um lugar marcante, lindo. Mesmo já tendo passado por ali não sei quantas vezes é impossível não parar e admirar tamanha beleza. Aquele imenso vale cercado por serras e recortado pelo Jaboticatubas é mesmo um lugar divino...

Àquela altura fazia bastante calor; um abafa geral! Aquilo nos cansou bastante e alguns dos amigos estavam mais desgastados. Também pudera, a passagem pelo Montes Claros com cargueiras pode se tornar desgastante e exigente para com "motores e freios"... Mas a visão do ponto de pernoite a aproximadamente 5 km ao Norte nos animou bastante...

Com esse espírito e pra fugir do calor sem sombra às 13h45 retomamos a pernada descendo a Cascalheira rumo ao Vale da Lagoa Dourada. Seguimos misturados ao grupo de adolescentes, que também partiam e mesmo leves sofriam para vencer o trecho.

Fizemos uma parada logo no início da descida para nos refrescar e nos reabastecer nas primeiras águas do Jaboticatubas. Após seguimos Cascalheira abaixo. Perto das 14h15 chegamos novamente ao leito do Jaboticatubas, já no fundo do Vale. Fizemos uma boa parada para descanso e aglutinação; afinal aquela Cascalheira realmente é amolante. Haja freios!!!

Optamos por seguir pelo Vale pela margem esquerda do Jaboticatubas. Como o trecho não oferece desencontro, os amigos foram tomando o rumo; cada qual a seu ritmo. Permaneci na rabeira e às 14h40 levantamos poeira. O sol brilhou um pouco mais forte, mandando embora um pouco daquele ar enfumaçado da volta do meio do dia. Mas a névoa era nítida, indicando queimadas pela região. Aliás o Vale apresentava sinais de recente sapecado. Aliás, um problema que se repete todo ano na época mais seca, infelizmente!

O Vale da Lagoa Dourada. Vista para o Sul
Presença do costumeiro resquício de fogo
Nota-se o ar denso e enfumaçado

O Vale é longo e a trilha em certos trechos arenosa. E se bifurca em vários pontos; mas se convergem logo adiante; impossibilitando erros. Mas mesmo com toda beleza torna-se cansativa, especialmente quando se está com cargueiras após uma longa viagem e uma noite mal dormida... Há momentos em que naturalmente as pernas dão uma bambeada... A certa altura uma das amigas sentiu um mal estar; porém felizmente logo se recompôs.

Seguimos o rumo sem alterações, apenas observando na outra margem o grupo de adolescentes que optaram pelo outro lado e seguiam esparsadamente. Pontualmente às 16h00 e após quase 14 km de marcha cruzamos novamente o Jaboticatubas e botamos os pés na cabeceira da Cachoeira da Lagoa Dourada, nosso local de pernoite!

Detalhe da Lagoa Dourada e seu poço
Na ocasião estava com pouco volume de água

Aqui no Blog há vários relatos de passagem por esse lugar. É um dos mais significativos dos arredores do ParnaCipó. Local frágil e de grande beleza; nos limites do Parque Nacional. Incrível imaginar porque lugar tão significativo até então não tenha se juntado às terras daquela Unidade de Conservação.

O conjunto Vale-Rio-Cachoeira-Cânion é beira a perfeição, um recanto espetacular por reunir em tão pouca área aspectos naturais tão relevantes! Mesmo quando o curso d'água se encontra diminuído pela época seca, como foi o caso na ocasião nada se perde!

Então tomamos tino nas obrigações normais dum acampamento, com tempo para um banho de cachoeira. Por lá estavam alguns acampados, mas eram poucos. Bem depois de nós chegou o grupo de alunos que havíamos ultrapassado lá na Cascalheira. Passaram como beija-flor; obviamente devido ao adiantado da hora; pois estavam em jornada única.

Nós outros pudemos curtir sem pressa cada detalhe do lugar, regado à muita prosa e alegria. Noite boa pra chuchu, suficiente para recuperar as energias, especialmente os cariocas após longa viagem. Só quem já vivenciou isto sabe o quanto é importante esse tempo para descanso!

Relato Dia 2


O dia amanheceu parcialmente nublado e abafado, como no dia anterior. Amigos recuperados do desgaste causado pela longa viagem, calor, trilha irregular e cargueira! Os planos naquela manhã não incluíam pressa. Teríamos uma manhã inteira para ciscar na cachoeira e arredores; afinal o trecho a caminhar naquele domingo seria de pouco mais de 6 km; com tempo suficiente para almoço tardio e retorno dos amigos cariocas para o Rio de Janeiro em horas decentes.

O interior do Cânion do Jaboticatubas
Foco BenficaCaveiras

O interior do Cânion do Jaboticatubas
Foco BenficaCaveiras

Após preguiçoso despertar tivemos tempo de sobra pra curtir a Cachoeira da Lagoa Dourada. Lugar muito bonito, com queda salpicada e bom poço para umas braçadas. Alguns amigos aproveitaram o tempo livre para descer até o leito do Cânion do Jaboticatubas, recando sensacional com quedas d'água e grande poço. Aliás essa descida é meticulosa e deve ser feita com cautela! Outra parte de nós permanecemos na Cachoeira primeira e ainda demos um pulo nos vários mirantes por ali. Lugar por demais aprazível.

Passava das 11h15 quando finalizamos os procedimentos e iniciamos nossa descida rumo ao distrito de São José da Serra. Trilha batida, inicialmente em suave aclive. Seguimos em grupos, uma vez que parte de nós conhecia por demais o trecho. Permaneci no bloco intermediário; pois alguns amigos pretendiam visitar e conhecer a Caverninha do Ribeirão Areias, localizada na trilha que segue para a Portaria Areias do ParnaCipó. E desapareceram adiante.

Deixando o Vale: Rumo Norte
Aclive suave: Trilha boa

Prosseguimos com calma e em campo de visão com os restantes. Perto do meio dia iniciamos a descida da Cascalheira de São José, um teste final para os freios. Aliás, dali em diante seria somente descida. Seguimos no mesmo clima, com calma e cada qual no seu ritmo, afinal não seria necessária pressa.

Uns 40 minutos desde o alto desembocamos numa velha vicinal, quando tomamos à esquerda num atalho. Uns poucos passos e interceptamos novamente a vicinal. Seguimos por ela novamente à esquerda quando bastaram mais uns poucos passos para desembocarmos noutra vicinal - esta com trânsito de automóveis - e por lá darmos por encerrada nossa pernada minutos após 13h00.

Fazia um calorão de torrar os miolos, como é comum naqueles dias abafados. Por sorte naquele entroncamento vicinal há árvores para sombras providenciais; mesmo que vazadas. Tempo para nos ajeitar e aguardar nossos resgates. Enquanto aguardávamos os amigos que foram na Grutinha do Ribeirão Areias chegaram até nós. Sucesso de uma pernadinha tranquila e bonita.

Em pouco tempo mais o resgate dos nossos amigos cariocas chegou. Mas o resgate dos mineiros nada... Então todos se apinhocaram no resgate carioca e partiram rumo o centrinho do Distrito de São José da Serra. Eu permaneci sozinho ali no entroncamento aguardando o nosso resgate, afinal não gostaria de algum desencontro...

Somente às 14h20 quando estava a pé de abandonar o posto nosso resgate chegou. Embarquei e também desci para o centrinho de São José. Lá os amigos já estavam no social no Restaurante da Cristina, em farto almoço. Me juntei e pus à obra, afinal a fome já batia forte. Momentos bons aconteceram por ali e o tempo voou...

Centrinho histórico de São José da Serra
Foto de SolBrumas em 2014
Continua lá, pra quem quiser ver

Por volta das 17h00 despedimos dos nossos amigos cariocas e deixamos o lugar, um pouco antes destes, que ainda estavam em voltas com um processo de limpeza corporal, algo altamente recomendável quando se lança em viagem longa pós Travessia. Retornamos tranquilos, desembarcando em BH próximo das 19h00. Mais tarde seguimos acompanhando o retorno dos cariocas, que também chegaram sãos e salvos ao Rio no início da madrugada de segunda.

Essa pernadinha foi apenas uma mostra das variações e possibilidades que há naquele pequeno trecho entre Altamira e Serra do Cipó. Sim, é claro, poderíamos ter aproveitado e incrementado ainda mais, mas em vistas das particularidades, a passagem pelo Montes Claros foi suficiente para apresentar aos amigos um novo olhar sobre aquela região repleta de surpresas... Agradecido aos velhos e novos amigos de Minas e dos Caveiras da Montanha por mais esta vivência da alegria do encontro!

Serviço


Variante da Travessia Altamira x São José da Serra percorrendo o Pico Montes Claros. Tem início no arraial de Altamira, mais precisamente no povoado de Altamira de Cima, município de Nova União. Seu final ocorre no Distrito de São José da Serra, município de Jaboticatubas; ambos locais na região Central de Minas Gerais.

O início dessa variante se distingue da Rota Tradicional Altamira x São José justamente para facilitar o acesso ao Pico Montes Claros. Esse Pico é significativo porque é o ponto culminante de toda a porção Sul do Parque Nacional da Serra do Cipó, segundo a literatura 1.697m de altitude (1.679m em nossa medição).

Oferece incrível e amplo visual de todos os arredores, destacando a cumeada das Serras da Lagoa Dourada e Mutuca; além das porções pras bandas de Itabira. Se encontra justamente na espinha principal do Espinhaço, localmente conhecida como Serra da Mutuca.

A partir do início coincidindo com a trilha para a Cachoeira da Braúna em Altamira de Cima prossegue até a divisa Sul do ParnaCipó, adentrando em suas terras. Na altura da nova Base Sul do ParnaCipó toma rumo noroeste em direção ao Pico Montes Claros; deixando a trilha da Braúna. Acende, faz a cumeada e descende o Pico pela sua face Noroeste, interceptando a Trilha Normal Norte-Sul da Travessia Altamira x São José no vale ao sopé do Pico. Trata-se de um trecho de aprox 4 km sem trilha definida, acentuado aclive; acentuado declive e terreno exigente; além de ausente de fontes de água e sombreamento.

A partir da interceptação da Rota Normal toma curso Norte, atingindo e percorrendo todo o Vale da Lagoa Dourada até a Cachoeira de mesmo nome. A partir da Cachoeira finaliza o Vale em suave aclive; para em declive acentuado tomar rumo de São José da Serra, à Oeste; finalizando numa alça vicinal de acesso ao Distrito.

Totaliza aproximadamente 20 km apenas, mas apresenta maior grau de dificuldade que a Rota Normal, que é mais longa. Porém, dependendo da logística utilizada ou das condições de circulação nas estradinhas de acesso, essa caminhada pode ganhar um pouco mais de 10 km de vicinais, sendo aprox 7 km de Altamira a Altamira de Cima - Acesso da Braúna; e mais aprox 3,5 km ao final para se atingir a área comercial de São José da Serra. 

O relevo da região é o típico do Espinhaço: movimentado e repleto de afloramentos. Já a vegetação é formada por campos rupestres e matas de galerias. Além da beleza paisagística e do visual desde o Montes Claros; outro destaque dessa Travessia é o Vale da Lagoa Dourada. O vasto lugar é marcado pelos meandros do Rio Jaboticatubas, cuja parte final resulta numa queda muito bonita, a Cachoeira da Lagoa Dourada.

A cachoeira não possui alta queda, mas oferece bom poço para banho. Após a queda principal as águas formam pequenas corredeiras e poços diversos em leito rochoso. Vertiginosamente despencam no pequeno porém profundo cânion inferior, resultando numa queda alta e bonita.

No profundo e pouco ensolarado cânion há um grande poço, resultado do encontro das águas do Jaboticatubas com outros dois córregos secundários e temporários que despencam espremidos pelas rochas em posição contrária. Embora o cânion possa ser atingido através de descida em meio às rochas, trata-se de uma passagem mais complexa; recomendável somente com os devidos cuidados.

Distâncias

Belo Horizonte a Nova União: 60 km (asfalto)
Nova União à Altamira: 18 km (estrada de terra)
São José da Serra ao Km 87 da MG 10: 11 km (estrada de terra)
Km 87 MG 10 a Belo Horizonte: 87 km

Como chegar e voltar - de ônibus

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida: Coletivo da linha 4882 no Terminal São Gabriel até Nova União; desembarcando no Posto São Cristóvão, na Praça São Cristóvão → Coletivo Rural Transtatão até o Arraial de Altamira.

Volta: A pé ou táxi até o km 87 da MG 10 → Viação Saritur ou Viação Serro na rodovia MG 10 até Belo Horizonte.

► Em Nova União há apenas dois horários diários para Altamira: o primeiro saindo após 11 horas da manhã; e o segundo ao final da tarde, após 16 horas.
► Em São José da Serra há um coletivo rumo à Serra do Cipó, de seg à sex pela manhã. Aos sábados há dois horários, um no meio do dia; outro ao final da tarde. Aos domingos somente à tarde.
► Para frequências e tarifas de ônibus, consulte as empresas de ônibus.
► Para frequências e tarifas de ônibus metropolitano em Belo Horizonte, consulte o DER-MG

Como chegar e voltar - de carro

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida: BR 381 até cidade de Nova União → Na Praça São Cristóvão seguir pela estrada de terra até Altamira → Continuar pela estrada sentido Altamira de Cima, seguindo até o ponto de início da Trilha da Braúna, conforme descrito no relato. 
Volta: Estrada de terra de São José até o km 87 da MG 10 → MG 10 da Serra do Cipó até Belo Horizonte.

► Atente-se que início e final se dão em pontos distintos e distantes. Programe o seu traslado in/out boca da trilha.

Considerações finais


► Unidade de Conservação - Parque Nacional da Serra do Cipó. O Parque não oferece sistema de reservas, cobrança de ingresso, pernoite ou cobrança de uso de trilhas; pois não há infraestrutura implantada. Quando visitamos unidades que se encontram nessas condições é recomendável que mantenhamos contato com a Unidade e avisemos das nossas intenções. É importante que a Unidade tenha ciência de quem está caminhando pelas terras do Parque, pois isto poderá ser orientado; além de gerar estatísticas, estudos e melhorias.
Contatos do ParnaCipó: 31 3718-7469 | E-mail parna.serradocipo@icmbio.gov.br

► Áreas particulares: Não há cobrança de ingresso, acesso, pernoite ou uso de trilhas pelo trajeto. Manter discrição em todas as ações; com postura responsável, ordeira e respeitosa. Sempre que possível buscar autorizações antecipadas para passagens. Na impossibilidade, aproximando de sítios, fazendas e similares informar sempre sobre suas intenções. Manter fechadas todas as porteiras e tronqueiras. Jamais romper cercas. Nunca provocar ou assustar animais e criações. Não abrir áreas para acampamento. Jamais realizar fogueiras. Manter consigo todo e qualquer lixo gerado.  

► Trilhas e Trajeto: Trajeto misto, contendo trechos com trilhas amplas e batidas; trechos com trilhas discretas e trecho ausente de trilha. Também poderá incluir vicinais, dependendo da logística utilizada e condições de acesso. Não há sinalização, exceto na divisa do ParnaCipó e Base de Apoio Sul do ParnaCipó. Há pontos com trilhas se cruzando e muitas bifurcações, requerendo atenção na navegação. Há aclives e declives, alguns íngremes e alongados. Há pequenos regos e o Rio Jaboticatubas a cruzar; podem se tornar volumosos sob chuva.

► Experiência em Trekking: Não vá solo realizar essa trilha, em especial se apresentar pouca experiência em Trekking. O trajeto a partir do alto da Base Sul do ParnaCipó por mais simples que seja pode apresentar surpresas. Paisagens pelo Espinhaço são muito parecidas e podem confundir.

► Logística de Acesso 1: Início no Acesso da Trilha da Braúna, em Altamira de Cima. Final nas imediações do Distrito de São José da Serra. É possível chegar ao local de automóvel ou de ônibus; nesse caso complementando à pé a partir de Altamira. Acessos mistos, com asfalto e chão batido. Também é possível a realização ao inverso.

► Logística de Acesso 2: Atente-se para o horário do início da caminhada. Para realizar uma caminhada tranquila no sentido Sul-Norte, chegar e pernoitar nas imediações da Cachoeira da Lagoa Dourada, é recomendável que inicie a travessia em Altamira de Cima no máximo em torno das 10h00.

► Logística de Acesso 3: Caso dependa exclusivamente do ônibus para chegar à Altamira, saiba que somente chegará ao arraial por volta de 12h00. Terá que encarar mais de 7 km de estradinha vicinal até chegar no ponto do início da Travessia em Altamira de Cima. Neste caso, é recomendável que o caminhante seja ágil e faça somente paradas curtas durante a travessia. Calcula-se sua chegada à Cachoeira da Lagoa Dourada a partir de 18h00. Caso não seja possível chegar à Cachoeira da Lagoa Dourada não há problema. É possível acampar em vários pontos do vale da Lagoa Dourada, inclusive ao seu início, pois é um lugar plano e com rio em toda a sua extensão.

► Camping: modo natural. Compensa a realização com pernoite. Lugar lindo.

► Água: Há pontos de água pela rota, porém em época de seca muitos deles desaparecem. A partir da Base Sul do ParnaCipó e até atingir o Jaboticatubas - trecho mais exigente - não há fontes de água. Iniciar sempre abastecido; ou o faça sempre que encontrar uma fonte. Use purificador!

► Exposição ao Sol: Intensa. Use protetor solar.

► Época de realização: O melhor período para realização é de abril a setembro; que é a época mais seca na região. No verão também é possível, mas esteja atento: Sob chuvas simples regos d'água ou mesmo naturais valas de drenagem podem se transformar em ribeirões volumosos pelo Espinhaço. Sob chuva não cruze o Jaboticatubas: se mantenha na sua margem direita até a Cachoeira da Lagoa Dourada.

► Segurança - Escape: Até descer o Pico Montes Claros retorne à Altamira de Cima ou Altamira pela Rota Normal. A partir do Vale da Lagoa Dourada siga para São José da Serra. Tenha em mente que em circunstâncias adversas os deslocamentos podem ser longos. Não há estrutura de busca e resgate na região. Não há sinal de telefonia celular constante pela rota; apenas em alguns pontos específicos. Não há obviamente terminais telefônicos.

►Segurança - Vestuário: Ao praticar Trekking prefira utilizar calças compridas e camisetas com mangas longas. Isto oferece maior proteção frente à vegetação e eventuais insetos; além de minorar a ação do sol.

► Atenção: Ambientes naturais abrigam insetos e animais selvagens ou peçonhentos. Isto é natural; é normal. Portanto, seja ao caminhar ou ao assentar esteja sempre atento. Ao manusear vestuário e equipamentos verifique com atenção se não há presença desses animais ou insetos. Também esteja atento quanto a presença de animais selvagens de grande porte; evitando assustá-los.

► Cash: em pequenas localidades aceita-se apenas dinheiro. Em Altamira e Altamira de Cima há bar e restaurante. Há também pousada. Em São José da Serra aceita-se cc. Há opções em comércio e hospitalidade.

► Carta Topográfica: Jaboticatubas


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos

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