Poço do Soberbo: este realmente faz jus ao nome!

Poço do Soberbo
O Poço do Soberbo está localizado a aproximadamente 15 km à noroeste do arraial da Lapinha da Serra, município de Santana do Riacho, em Minas Gerais.

Trata-se de uma pequena queda seguida por um grande poço encravado num profundo vale anterior à borda Oeste do Espinhaço.

Resulta do encontro das águas do Córrego Fundo, Rio das Pedras e do Ribeirão do Soberbo. Foi ponto de exploração de diamantes por norte americanos na década de 1960.

Três anos após o início da atividade garimpeira no local uma enchente colocou fim à exploração. Os americanos foram embora e deixaram no lugar peças da maquinaria garimpeira, bem como ruínas das casas de exploração e abrigo.

O lugar é cercado por lendas! Uma delas afirma de que os americanos abandonaram o lugar devido a "luzes noturnas"... Outra de que um garimpeiro teria encontrado uma enorme pepita e a deixado cair no poço. Ao mergulhar no poço para pegá-la nunca mais fora visto...

Fato é que o Poço do Soberbo se trata de um lugar extraordinariamente belo. É rodeado por afloramentos e campos rupestres, cuja drenagem pelos arredores apresenta variadas quedas d'água e poços ideais para banho; ou simplesmente descanso, contemplação e registros. Foi nessa região encantadora que estive em grupo dias atrás...

Relato


Deixamos Belo Horizonte por volta de 6h30 da manhã com o grupo Nice Trekking. Viagem tranquila, ao se aproximar do arraial da Lapinha, no local conhecido como Cotovelo, seguimos reto, ignorando o acesso ao arraial.

Pouco depois das 9h30 da manhã desembarcávamos no ponto de início da trilha. O lugar fica nos arredores da antiga Fazenda Virgulino, ao norte do arraial da Lapinha.

Trata-se do mesmo ponto de acesso à Cachoeira do Bicame. Até esse ponto pode-se chegar através de qualquer automóvel. Isto encurta a caminhada em aproximadamente 5 km desde a Lapinha.

Pouca prosa e beirava 10h00 quando colocamos os pés na estradinha que também leva à Bicame. Cruzamos uma porteira e minutos depois, próximo à uma residência cruzamos outra porteira e um rego d'água. Metros adiante deixamos a estradinha em favor de uma saída discreta à esquerda; que é um atalho que sobe o morro à Oeste.

► Atualização Julho 2017: Mudança de acesso: Atualmente o acesso oficial ao Poço do Soberbo se dá logo à frente da antiga Fazenda Virgulino, na mesma estrada que segue para a Cachoeira do Bicame. Há uma área para estacionamento no local. Isto quer dizer que, o acesso-atalho que sobe o morrote e que utilizamos nessa visita não mais deverá ser utilizado. Inclusive a tronqueira que havia no alto do morro foi retirada; e a cerca de arame farpado reforçada.

Visual para os lados da Lapinha
A subida é suave e segue por restos de uma antiga estradinha vicinal. Fazia bastante calor e o tempo estava parcialmente nublado quando vencemos este morro inicial.

Já no topo do morrote cruzamos uma tronqueira e interceptamos a estradinha que vem do norte. Esta estradinha é na verdade um outro acesso inicial ao Soberbo (Atualização 2017: agora único acesso ao lugar).

Aproveitamos o visual amplo e fizemos uma parada para hidratação.

Vista Norte: telhado de construção Soberbo ao fundo
À direita, morrote anterior à Bicame
Observei no sentido norte que um antigo rancho que havia um pouco abaixo dessa tronqueira estava com telhado novo. Haveria morador por lá?

Fiquei curioso, mas como ele dista uns 300 metros da trilha não fui averiguar. Posteriormente confirmei que ali não há morador; apenas apoio eventual.

Desse ponto já foi possível observar as redondezas aonde está localizado o Poço do Soberbo, no fundo do vale bem ao longe ao Norte. No mesmo sentido e à nossa direita observamos um platô superior do Espinhaço onde se desenvolve o trajeto final para a Cachoeira do Bicame.

Como a região do Soberbo foi área de garimpo na década de sessenta, fora aberta uma estradinha precária para transporte do maquinário.

Os sinais dessa estrada estão presentes, fazendo com que a caminhada seja livre de bifurcações ou saídas duvidosas. A partir desse morrote a velha estradinha toma rumo Norte em definitivo. Também se mantém praticamente em nível; com pouca sombra e sem fontes de água potável.

Após o descanso no alto do morrote retomamos a caminhada pela velha estradinha. Demos uma guinada à esquerda e pouco à frente cruzamos uma porteira de madeira. Animados seguimos pela estradinha apesar do forte calor.

Comecei a perceber sinais de uso recente; bem como melhorias na antiga estradinha. Rochas ajeitavam o leito em vários pontos. Trechos em que há passagem de água também estavam refeitos.

Prosseguimos a caminhada e o calor ardia nossa pele. Pouco adiante isto nos obrigou a nova parada para descanso e hidratação. Uns quinze minutos depois retomamos; seguindo pela estradinha sem alterações por um longo trecho.

Por volta de 11h20 chegamos até um ponto importante; que é quando a estradinha dá uma guinada para o leste, iniciando a descida rumo ao Vale do Córrego Fundo.

Nesse ponto deixamos a estradinha para pegar um atalho por trilha. Ao contrário da estradinha, seguimos em nível pela discreta trilha no rumo Norte. Antes de iniciar um aclive pelo campo deixamos o rumo Norte e demos uma guinada para o Leste-direita.

Iniciamos então um trecho em declive. A trilha tornou-se bem marcada; porém com bastante cascalho e erodida em vários pontos. Apesar de todo o cuidado, escorregões foram vários por ali. Mas não tivemos maiores problemas. 

Apesar da demora na descida, o atalho nos levou diretamente à estradinha que havíamos deixado lá no alto do morro, já às portas da antiga casa no fundo do vale do Córrego Fundo. Grupo próximo, chegamos então à antiga casinha.

Por lá estavam dois rapazes que trabalhavam na reforma do imóvel. Em conversa nos informaram que o proprietário aonde está localizado o Poço do Soberbo bem como das terras nos arredores por onde se desenvolve 90% da caminhada está promovendo uma estruturação do lugar.

A casinha será um abrigo e haverá casa de apoio aos visitantes, além de outras estruturas nas imediações do Soberbo. Inclusive aquele rancho reformado lá nas imediações do morro inicial será um ponto de controle da entrada de visitantes.

Fui-me informado que, doravante as visitas ao soberbo deverão ser comunicadas com antecedência e será cobrado o ingresso no lugar.

Chegando no Soberbo
Informados da nova situação, despedimos dos operários. Prosseguimos a caminhada passando pela tronqueira próxima à casa. Metros abaixo cruzamos o Córrego Fundo.

A partir desse trecho a estradinha-trilha segue margeando o Córrego Fundo ora pela sua direita, ora pela sua esquerda. Encontra-se bastante precária, com muitas rochas e erosões em vários pontos.

À medida que avançávamos a caminhada tornou-se pesada para alguns. A lentidão tomou conta do nosso grupo. Para piorar começamos a ouvir trovões ao longe e uma chuva era iminente.

Retornar a essa altura era impossível. Então o grupo se dividiu em alguns momentos, cada um imprimindo o seu ritmo, pois não haveria possibilidade de erro no trecho.

Cachoeira no Rio das Pedras, antes de se encontrar com o Soberbo
Esse percurso entre a Casa do Córrego Fundo e o Poço do Soberbo segue em leve desnível. Há curtos trechos sombreados. Também há água fácil às margens da trilha-estradinha; pois trata-se do afunilamento final pelo vale do Córrego Fundo.

Já passava alto do meio dia quando cruzamos novamente e pela última vez o Córrego Fundo. Logo abaixo irá desaguar no Rio das Pedras.

Subimos um lance da estradinha e passamos a avistar à nossa direita a cachoeira no Rio das Pedras, que marca a aproximação do Poço do Soberbo no sentido sul-norte.

Esta bela cachoeira é uma das várias quedas que se formam na descida das águas do Rio das Pedras vindas da região da Cachoeira do Bicame.

Reavivados pela proximidade, em dez minutos percorremos o final da ampla trilha-estradinha e desembocamos no Poço do Soberbo.

Soberbo e suas ruínas
Soberbo e suas ruínas
Dado ao atraso no andamento da pernada, enquanto o pessoal corria para banhar-se e refrescar-se nas águas soberbas, fiz um giro pelos arredores, pois havia muito tempo que não aparecia por lá.

As coisas estão praticamente como antes. Uma das construções estava com telhado e trancada. Outra o vento retirou o telhado, que está jogado ao chão ao lado. A outra apenas paredes!

São estas as construções que serão reformadas, segundo nos informou o rapaz lá na casinha do Córrego Fundo.

O velho Alfa Romeo
Os restos da maquinaria também continua espalhada pelo lugar. Peças do velho motor Alfa Romeo novamente chamou minha atenção! Imaginei como deve ter sido violenta a enchente que destruiu o garimpo!

Continuação em direção ao Oeste
Garganta pós Soberbo
Fui em direção às pirambeiras oeste do Espinhaço. Em um corte na serra as águas caem vertiginosamente em direção à planura pros lados do Retiro dos Mendes lá embaixo.

Nesse ponto forma-se a bela Cachoeira do Rio de Pedras, cujo acesso somente pela sua parte inferior.

Os variados, escuros e belos poços pirambeira abaixo estavam por lá me convidando à exploração. Fui até a cabeceira da queda, um lugar incrível!

Voltando ao Poço do Soberbo conversamos e uma parte do grupo que havia sofrido um pouco mais para chegar ao Soberbo deixou mais cedo o lugar, pois a caminhada de volta seria longa.

Além disso, apesar de não ter caído, havia formações de chuva em alguns pontos ao Sul.

Nós outros ainda permanecemos cerca de meia hora a mais para aproveitar o poção do Soberbo.

Pouco depois das 14h00 iniciamos o retorno para a Lapinha.

Imprimimos um ritmo forte e chegamos às proximidades da casinha do Córrego Fundo por volta de 15h00. No trecho, encontramos três aventureiros que se dirigiam ao Soberbo com cargueiras.

Após a casinha do Córrego Fundo, ao invés de subirmos pelo atalho que deu trabalho na ida, optamos pela estradinha. Mais fácil, porém cansativa: cheia de curvas, aumentou nossa caminhada em mais de 1,5 km.

Por volta de 15h40 atingimos o topo do morro, vencendo o trecho em aclive. 

A partir desse ponto a caminhada foi mais tranquila. Cada um imprimindo o seu ritmo, por volta de 16h30 chegamos à porteira da divisa das terras, aonde futuramente será o primeiro ponto de controle do acesso às terras do Soberbo.

Parada para aglutinação e prosseguimos na caminhada. Ignoramos a continuação da estradinha, cruzamos uma cerca e tomamos o atalho agora à nossa direita.

Sem demora vencemos o trecho da descida final (o mesmo da nossa ida), desembocando na estradinha que vai-e-vem da Cachoeira do Bicame.

O retorno pela rota mais longa:
Se optar pela ida e volta pelo atalho não passará por esse trecho

Quebrando à direita na estrada ainda pegamos umas goiabas docinhas à beira da cerca.

Pouco depois das 17h00 chegamos ao nosso resgate nas proximidades da Fazenda Virgulino. Todos já estavam por lá ao nosso aguardo.

Embarcamos direto para o arraial da Lapinha, aonde jantamos no Restaurante Sempre Viva.

Imediatamente após a janta deixamos o lugar às 19h00, rumando para Belo Horizonte; aonde chegamos às 22h00! Foi um belo retorno!

Serviço


O Poço do Soberbo localiza-se em um profundo e pequeno vale nas imediações do encontro dos Córregos Fundo e Soberbo com o Rio das Pedras, cerca de 15 km à noroeste do arraial da Lapinha da Serra, município de Santana do Riacho, Estado de Minas Gerais, Brasil.

Como o próprio nome indica, trata-se de um grande e profundo poço, cujas águas foram desviadas na década de 1960 para garimpagem de diamantes. Uma enchente destruiu o garimpo poucos anos depois e por lá ficaram maquinário e construções da época.

Os arredores do Poço do Soberbo são formados por escarpas rochosas típicas do Espinhaço, com vegetação de arbustos, matas de galeiras e variadas quedas d'água. É um dos recantos mais charmosos de todo o Cipó.

Trajeto no GE
O acesso se dá através de trajeto bem marcado. Tomando por base o arraial da Lapinha, os primeiros 5 km trata-se de uma estrada com trânsito livre para qualquer automóvel.  É a mesma estrada de acesso à Cachoeira do Bicame

Em caso de ida direta, sem passagem pelo arraial, percorre-se aproximadamente 3 km dessa mesma estradinha. 

Após as imediações da antiga Fazenda Virgulino, o acesso oficial ao Soberbo estará à esquerda. Há sinalização local e a porteira fechada que controla o acesso.

Na sequência, pelo morro acima segue antiga estradinha que serviu para transportar o maquinário da mineração na década de 60. Após o primeiro morro a trilha-estradinha se manterá plana e praticamente em linha reta no sentido Norte. 

Quando a estradinha tender para a direita-Leste em descida, há a opção por uma trilha-atalho bastante íngreme que desembocará na mesma estradinha no fundo do vale próximo ao Córrego Fundo aonde há uma construção. 

A partir da Casinha do Córrego Fundo a trilha-estradinha segue de forma precária por aproximadamente mais 4 km até as imediações do Poço do Soberbo.

Distâncias


► BH a Santana do Riacho: aproximadamente 120 km
► Santana do Riacho ao cotovelo antes da Lapinha da Serra: aprox. 9 km por estrada de chão
► Cotovelo à imediações da antiga Faz. Virgulino: aproximadamente 2 km por estrada de chão
► Imediações da Faz. Virgulino ao Poço do Soberbo: 21 km (ida e volta, aproximadamente)

Como chegar e voltar - de ônibus

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida e retorno: Viação Saritur até Santana do Riacho → De Santana do Riacho à Lapinha até ao Acesso Oficial do Soberbo não há linha regular de ônibus, necessitando então a locação de táxi, van ou seguir à pé → Seguir a pé até o Poço do Soberbo.

► Lembre-se que poderá ter que ir primeiro ao arraial da Lapinha para adquirir o acesso e obter a liberação da visita.
► Confira horários e frequências na empresa de ônibus.

Como chegar e voltar - de carro

Cidade referência: Belo Horizonte

Ida e retorno: Rodovia MG 10 até o Distrito da Serra do Cipó → Acesso até Santana do Riacho → Seguir pela estrada de chão sentido ao arraial de Lapinha prosseguindo até ao Acesso Oficial do Soberbo → Seguir a pé até o Poço do Soberbo.

► Lembre-se que poderá ter que ir primeiro ao arraial da Lapinha para adquirir o acesso e obter a liberação da visita.

Considerações Finais


► O terreno aonde estão localizados o Poço do Soberbo, atrativos aos arredores e por onde se desenvolve 90% da caminhada de acesso é propriedade particular (único proprietário). O proprietário está promovendo reformas nos imóveis do lugar, bem como da antiga estradinha. Tem como objetivo estruturar o atrativo com casas abrigo e de apoio; além de no futuro disponibilizar transporte 4 x 4 para visitantes.

Atualização Julho 2017: Atualmente o acesso ao Poço do Soberbo é controlado pelo Receptivo do Vandir, que se localiza no arraial de Lapinha da Serra. É possível visitar o lugar à pé ou contratar serviços de veículo 4x4. Também é possível acampar nos arredores do Poço. Acesso e pernoite são pagos. Evite visitas sem autorização do Receptivo, pois o visitante poderá ser cobrado das tarifas ou até mesmo expulso do local.

► Atualização Julho 2017: Mudança de acesso: Atualmente o acesso oficial ao Poço do Soberbo se dá logo à frente da antiga Fazenda Virgulino, na mesma estrada que segue para a Cachoeira do Bicame. Há uma área para estacionamento no local. Isto quer dizer que, o antigo atalho inicial que sobe o morrote e que utilizamos nessa visita não mais deverá ser utilizado. Inclusive a tronqueira que havia no alto do morro foi retirada; e a cerca de arame farpado reforçada.

► Água: No trecho entre a estrada da Bicame e a Casa do Córrego Fundo não há pontos de água perene. Inicie a caminhada abastecido. Eventuais águas no trecho são oriundas de pequenos brejos e possuem gosto ruim; além de secar no inverno. Há água boa no trajeto após a casinha do Córrego Fundo; seja em nascente vinda de Leste, seja no próprio Córrego Fundo.

► Insolação: Há pouca sombra pelo trajeto. Use protetor!

► Atenção: Muito cuidado ao circular nas imediações do poço e das quedas abaixo do poço; bem como nas cachoeiras do Rio das Pedras. Evite acidentes, o lugar é distante de pontos de socorro. Não há sinal de telefonia móvel na região. 

► Bate e volta ao Soberbo somente vale a pena se iniciar a caminhada cedo, pois ida e retorno irão totalizar mais de 20 km de caminhada.  Ideal seria um pernoite, podendo assim visitar as inúmeras quedas nos arredores do Soberbo; como as sete quedas; ou aquelas no Rio das Pedras!

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► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos! 

3 Comentários

  1. Another great story, Francisco.
    I always enjoy seeing abandoned places like this where blood and sweat was spent to create something that is now almost forgotten. Maybe our own daily toil will one day end the same way?
    Steve

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    Respostas
    1. Hello Steve,

      I remembered you when I saw the ruins. I know you like the human-place interaction ...
      And the marks on Pit Superb are great ...
      I believe that would love the place!

      As our story just the same time to evaluate eheheh

      Thank you for visiting ok?
      Abraços

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    2. Dizem que a mina foi abandonada porque o explorador já tinha mais diamantes do que poderia gastar suas próximas 10 gerações.

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