Travessia Petrópolis-Teresópolis Clássica em Três Dias

Visual para os lados do Açu desde a Pedra do Sino
no último dia da Travessia

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos é um lugar incomparável. Berço do Montanhismo brasileiro, oferece ao aventureiro um sem número de possibilidades. Além dos pontos tradicionais de escalada, talvez o principal atrativo do Parque seja a Travessia Petrópolis a Teresópolis. Apesar de ser uma rota de média distância, percorrê-la pode significar para muitos um "upgrade" no trekking.

Além disso, presenteia o caminhante com paisagens de tirar o fôlego, dignas daquelas pinturas mais realistas! Foi para este lugar apaixonante que nos dirigimos em entre os dias 16 a 18 de agosto de 2013 para cumprir a travessia no formato tradicional de três dias e duas noites. Devido ao "ruço" não tivemos visual aberto em grande parte da rota, mas foi uma pernada para deixar saudades...

Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo). Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento, Melhor aproveitamento.

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Relato Dia 1: Chegada à Petrópolis - Da Portaria Petrópolis ao Castelo do Açu


A famosa placa do Parque

A logística da nossa chegada em Petrópolis foi em etapas. James, Daniele, Alexandre, Sol, Thiago e Fabrícia foram de carro e chegaram à cidade na véspera, pernoitando em um Hotel nas proximidades do Terminal Correias. Myung Lee e sua esposa Choon viriam no dia do início da Travessia, oriundos de São Paulo. Eu embarquei na quinta feira por volta de 23h00 em um ônibus da Viação Útil e desembarquei na rodoviária de Petrópolis na sexta feira por volta de 04h00 da manhã.

Ao desembarcar, permaneci na rodoviária até às 05h00, quando tomei o coletivo para o Terminal Correias; e neste, tomei outro da Linha Pinheiral às 06h30, descendo um ponto antes do final e caminhando cerca de 1 km até a portaria do Parnaso, aonde cheguei pouco depois das 7 da manhã. O dia estava parcialmente nublado na Cidade Imperial, o que comprovava a previsão do tempo para o período. Segundo os meteorologistas, as chances de chuva na região eram mínimas para todo aquele final de semana, o que nos deixava tranquilos.

Portaria Petrópolis

Já estando na portaria do Parque fiquei à espera da chegada dos amigos; papeando com alguns guarda-parques e montanhistas que haviam pernoitado na própria portaria do Parque. Por volta de 08h00 chegaram o Lee e sua esposa. Continuamos na prosa enquanto um grande número de aventureiros chegava para fazer a Travessia. E nada de nossos amigos que haviam pernoitado a poucos km dali aparecerem...

Tamanha foi a demora que após várias tentativas conseguimos falar com os mesmos e obtivemos a informação de que ainda estavam no Terminal Correias. Assim, pouco antes das 09h30 o Lee e sua esposa Choon decidiram iniciar a Travessia sozinhos, enquanto eu permaneci na Portaria à espera do restante do grupo; que só chegou depois das dez horas da manhã!!! 

Vista desde o Mirante antes da bifurcação da Véu da Noiva

Gruta Presidente - Gruta???

Árvore com as pernas abertas

Véu da Noiva de Petrópolis: Singela

Efetivamos os trâmites legais de acesso e iniciamos a travessia às 10h30 da manhã. Seguimos pela trilha bem marcada no sentido sudeste subindo o vale do Rio Bonfim. Permanecendo a esquerda do Rio, o trecho é um misto de mata com algumas aberturas. Em uma delas fizemos uma paradinha e o grupo de dividiu. Eu permaneci na rabeira. Depois de uma hora de caminhada desde a portaria chegamos à discreta bifurcação que leva à cachoeira Véu da Noiva de Petrópolis.

Escondemos nossas cargueiras no mato e optamos por ir até lá; enquanto àqueles apressados já subiam rumo à Pedra do Queijo. Após cruzar um córrego que vem da Cachoeira das Andorinhas, chegamos à Gruta Presidente, que possui ao lado uma pequena cachoeira de nome homônimo. Na verdade, a Gruta é uma rocha com boa área para abrigo. Infelizmente mantém sinais de antigas pichações. Passamos pela Gruta e adiante sob uma abertura em uma grande árvore. Logo à frente, pulando pedras chegarmos à Cachoeira, que é discreta e com um poço raso, porém muito bonito. Ficamos pouco tempo por lá e logo voltamos à trilha principal pela mesma rota da ida.

Topos acima da Véu da Noiva

Pedra do Queijo

Vale do Bonfim vista da Pedra do Queijo

Pegamos as cargueiras e de agora em diante a trilha bem marcada torna-se mais íngreme, de onde se descortina todo o Vale do Rio Bonfim. É a famosa subida do Queijo, de onde também se avistam as cabeceiras da Cachoeira Véu da Noiva. Os topos acima da cachoeira ressurgem em meio à neblina. A certa altura, de onde se via por entre árvores a Cachoeira das Andorinhas à nossa esquerda, encontramos o Gans, que retornou dado trecho pois estava preocupado com nossa demora. Caminhamos juntos até o Mirante da Pedra do Queijo, quando o Gans sumiu trilha acima. 

O Mirante da Pedra do Queijo é muito bonito. Isto nos obrigou a uma parada para alguns clicks. Apesar dos topos estarem cobertos por neblina, o visual do Vale do Bonfim apresentava lindo... Passava das 12h30 quando voltamos a caminhada, agora menos íngreme, com a trilha bem marcada e rodeada por arbustos. Durante a subida do Queijo nem cogitamos ir ao Alicate... o tempo não permitiria...

Mirante Graças a Deus ao final da Isabeloca: neblinão

Vencido o morrote, seguimos por uma leve descida em direção ao Morro das Samambaias. Foi quando à neblina baixou geral e perdemos o visual. Vencido o morro chegamos ao Ajax por volta das 14h00. Parada para breve descanso e abastecer-se de água. Novamente na trilha, iniciamos a subida da Isabeloca. Infelizmente nada se via além de uns 30 metros devido à neblina. O trecho apresentava trilha bastante erodida e rodeada por arbustos e tufos de capim. Já na parte final da Isabeloca alcançamos o casal Lee. Paramos um pouquinho para descanso e logo adiante alcançamos também o Alexandre Gans.

Era por volta de 15 horas quando deixamos as proximidades do Mirante Graças a Deus ao final da Isabeloca e adentramos nos domínios do Chapadão do Açu. Fazia muito frio e pouca coisa se podia ver. A não ser a boa sinalização das trilhas, com chapas parafusadas nas rochas e totens cimentados. Creio que isto é medida preventiva a perdidos, pois é sabido que quando o "ruço" baixa na região a orientação ficava péssima e muitos se perdiam. Além disso, muitos dizem que totens eram retirados visando "reserva de mercado". O trecho pelo Chapadão percorre curtos aclives e trilhas mais planas, sem grandes variações. A vegetação beira trilha é um misto de capins e alguns bambuzinhos. Percorremos todo o trecho sem nenhum de visual...

As marcações na rocha

Cerca de 1h00 desde o final da Isabeloca e após passarmos por todo o Chapadão nos aproximamos do Castelo do Açu. A neblina era tão densa que somente observamos as gigantescas rochas do Castelo ao nos aproximar a menos de 10 metros do atrativo! Não era possível ver o Abrigo do Açu; ouvíamos apenas vozes que vinham da sua direção. E parecia estar lotado... Além da neblina, ventava forte e fazia muito frio! Adentramos entre as pedras para verificar a área de acampamento, porém as rajadas percorriam o interior das rochas com força. Então decidimos ir para a área de camping ao lado do Abrigo do Açu, pois julgamos que por lá a ventania estaria menor.

As "fantasmagóricas" rochas do Castelo do Açu

Chegando defronte ao Abrigo, Lee e esposa se alojaram por lá. Fizemos uma horinha em frente ao abrigo e quando chegamos no camping na saída da trilha para o Sino; já encontramos Thiago e Fabrícia já instalados, pois eles haviam alugado barraca do Parque; além da Sol que montou a barraca a jato! Fazia muito frio e tratei logo de montar a barraca e fazer a janta, pois estava faminto! Por volta das 18h00 o frio diminuiu e às 20h00, mais ou menos fui descansar, pois a noite anterior dentro do ônibus havia sido cansativa. O restante do pessoal no camping também apagou...

Relato Dia 2 - Do Castelo do Açu ao Abrigo 4


Sol e Gans: Degraus na subida do Morro do Marco

Cadê o visual heim Gans???

Do jeito que anoiteceu amanheceu, ou seja, nada de visual. Assim, nem voltamos ao Castelo do Açu naquela manhã. Por volta de 8h00 deixamos o camping seguindo pela trilha; que sai aos fundos do pequeno camping onde pernoitamos. Inicialmente um trecho entre capins e à frente uma descida por lajeado. Seguimos pela subida em direção ao Morro do Marco. Trecho com alguns degraus que foram testes para as pernas, mas nada complicado. Chegamos ao topo do Morro do Marco por volta de 9h00. Nada, nada de visual...

Iniciamos a descida por trilha bem marcada, com trechos sobre lages (sinalizados) e alguns tufos de capim. Chegamos ao Vale da Luva, onde há vestígios de água e fizemos breve parada, quando vários aventureiros apressados passaram por nós. Retomada a caminhada, seguimos agora por entre árvores e a trilha íngreme estava bastante lisa, o que exigiu algum esforço extra. Às 11h00 chegamos ao topo (modo de dizer, porque na verdade o topo é mais acima e nem cogitamos ir por lá devido a neblina) do Morro da Luva e pra variar, nada de visual... Alcançamos um grupo grande de caminhantes de BH que descansava por lá, mas que logo seguiram a caminhada na nossa frente!

O Elevador

O Elevador

Iniciamos a descida do Morro da Luva por trilha sobre lages e através de uma janela (da neblina) via-se um vale repleto de tufos de capim, com sinais de um leito de um riachinho. Fomos margeando pela direita e depois, ao cruzarmos pelo barro e pouca água seguimos à sua esquerda. Continuando a descida chegamos a um novo trecho com lages aderentes.

Novamente em janelas foi possível ver o elevador do outro lado, além de uma ponte de madeira sobre um vale profundo. Nesta descida nosso grupo alcançou e se misturou ao restante do grupo de BH; porém esperamos que os mesmos cruzassem a ponte subissem o elevador antes de nós. Nesse momento pude observar novamente o local em que antes não havia essa ponte de madeira. É um leito profundo, com pedras e vários buracos, que eram bastante perigosos e exigiam atenção!

Após uma parada começamos a subir o elevador. Eu fiquei por último e em alguns minutos subi o aparato. Ao chegar no morro ao final do elevador sinceramente mais uma vez achei aquele apetrecho desnecessário... Pós elevador nova paradinha para descanso. Por volta de 12h30 retomamos a caminhada, dando uma guinada para à esquerda. Pouco à frente descemos uma grande lage que estava um pouco escorregadia e perigosa. Agora à direita, passamos pelo fundo do vale e seguindo pelo topo do morrote adiante, fomos contornando o Morro do Dinossauro. A neblina continuava densa! Lembrei da previsão do tempo: Será que havia mudado?

Lampejos do Garrafão

Topo da Pedra do Sino: pessoas no topo

Trecho sem problemas e ao iniciarmos a descida em direção ao Vale das Antas tivemos alguns lampejos do Garrafão, quando a neblina resolveu brincar de esconde-esconde conosco. Mas não durou muito e continuamos a forte descida, com trilha bem demarcada e rodeada por tufos de capins. Vimos lá embaixo na clareira do Vale das Antas um apressado grupo que havia passado por nós horas antes. Seguíamos em direção ao local aonde chegamos por volta de 13h30.

Breve parada e logo atravessamos o rego d'água tomando o rumo da esquerda, ignorando as trilhas da direita. Fomos subindo por entre uma floresta bastante úmida, inicialmente barrenta, mas muito bonita, com muitas bromélias e outras flores. Ao chegarmos ao final do morrote, onde há alguns tufos de capim foi possível ver o topo da Pedra do Sino, com algumas pessoas por lá... Mas logo a neblina encobriu tudo...

Dorso da Baleia
O Grotão do Eco

Poucos metros de caminhada e chegamos ao dorso da Baleia pouco depois das 14h00. Alguns clicks e seguimos rumo ao topo do morro e imediatamente começamos a descê-lo. Mais uma vez chamou-nos atenção a Pedra do Equilíbrio, à nossa direita. Alguns metros abaixo e chegamos a um trecho onde ficamos por um longo tempo: o Mergulho. Trata-se de um trecho relativamente simples em que há algumas lages sobrepostas. Para transposição exige certo equilíbrio e de preferência a retirada das cargueiras.

Primeiro aguardamos o grupo de BH que estava à nossa frente terminar a transposição. Achamos por bem amarrar uma corda para facilitar a passagem, que ao meu ver mais atrapalhou que nos ajudou; uma vez que éramos bem rodados em trilhas eheh... E com isso ficamos um bom tempo por lá: cerca de 45 minutos! Todos passaram e eu fiquei por último, desamarrei a corda e desci.

Pedra do Sino

Cavalinho

Trilha sem erro e batida no trecho, seguimos agora em direção à canaleta da Pedra do Sino. O início da aproximação à canaleta é bastante íngreme, com muitos degraus e pedras. Vencido o trecho, logo beiramos a Pedra do Sino e chegamos ao famoso Cavalinho. Novamente o grupo de BH estava terminando a passagem e acabou por nos ajudar no trecho. Como eles já estavam com a corda preparada, dois deles nos ajudaram a pular o cavalo e içar nossas cargueiras. Assim, rapidamente todos nós ultrapassamos o local que mais provoca terror nessa Travessia. E o famoso precipício ao lado do Cavalinho? Bom, pouco se dava pra ver, afinal a neblina encobria tudo mesmo...

Passado o Cavalinho, a trilha continua pela canaleta do Sino e não apresenta grandes dificuldades; apenas alguns degraus e rochas que se transpõe por impulsão e força. Há uma matinha pelo lado esquerdo e a presença de uma escada de metal em um degrau maior que auxilia a subida. Uma meia hora de caminhada desde o Cavalinho e passamos pela bifurcação que leva ao topo da Pedra do Sino. Nem cogitamos a subida ao seu topo naquela tarde, pois estava tudo encoberto pela neblina. Continuamos na trilha bem demarcada, tocando direto para o Abrigo 4, aonde chegamos por volta de 17h00.

Thiago, Fabrícia, Lee e sua esposa ficaram nas barracas alugadas e armadas em frente ao Abrigo 4. Nós outros fomos para o camping abaixo do Abrigo, onde armamos nossas casas. Tudo estava envolto em densa neblina e quando preparávamos para fazer a janta e conversávamos com outros dois aventureiros começou a chover. Achamos que logo passaria, mas não foi bem assim. Fiz a janta na barraca e dela não saí mais. Sol e James também nem apareceram...

Após escutar a peleja de alguns campistas com a chuva, notei também que meu isolante estava todo encharcado. Infelizmente no trajeto daquele dia não o protegi corretamente e minha barraca molhou uma parte do bendito. Além disso, no ponto que acampei recebi toda a água que escorria pelo camping... Mas apesar disso a noite foi tranquila e sem maiores problemas!

Relato Dia 3 - Pedra do Sino. Do Abrigo 4 à Portaria Teresópolis. Volta pra casa!


Castelos do Açu visto desde a Pedra do Sino

Tô vendo muita coisa eheheh

Nossas barracas no Abrigo 4 (ou do Sino)

O último dia amanheceu como antes, com neblina por todos os lados! Levantamos com aquelas caras... Tomamos café e começamos a ver alguns aventureiros irem embora decepcionados com o tempo. Estávamos um pouco tristes, afinal viajar quase 400 km e não ver praticamente nada não é fácil. Porém, algum tempo depois o tempo abriu um pouco e resolvemos ir ao topo da Pedra do Sino. Deixamos o Abrigo 4 às 8h30 e em cerca de 20 minutos chegávamos ao topo do Sino.

Foi possível ver alguma coisa, mas insignificantes perante as possibilidades daquele lugar. Só mesmo aquela vastidão de nuvens e o Castelo do Açu lá adiante, bem como alguns morros nos arredores... Mesmo assim ficamos por lá até às 10h00. Independente do clima, realmente a Pedra do Sino é um lugar muito belo com seus 2.275m de altitude (IBGE)!

De volta ao camping do Abrigo 4 desmontamos as barracas com vistas ao término da Travessia. Fizemos um pouco de hora e até um delicioso cural rolou por lá... Lee e a esposa iniciaram a descida antes de nós. Thiago e Fabrícia também. James ainda comentou que, em conversa com outro montanhista que estava por lá, soube que a previsão do tempo para o período havia mudado...

Véu da Noiva de Teresópolis

Mesmo com o tempo voltando a se fechar, somente deixamos o Camping às 11h00 da manhã, iniciando a descida. E tome descida. A trilha é praticamente uma avenida entre a mata; e sempre em declive. Há algumas poucas janelas ao longo da trilha. Cada um desceu no seu ritmo. Às 14h00 chegamos à Cachoeira Véu da Noiva onde alcançamos o Lee e a esposa. Antes havíamos alcançado Thiago e Fabrícia. Eu e a Sol passamos adiante, descemos juntos e às 15h00 chegamos à Barragem, onde o Alexandre Gans já estava à nossa espera. O restante do pessoal chegou logo em seguida!

Na Barragem passamos a procurar transporte para a portaria do Parque ou mesmo para a rodoviária de Teresópolis. Sem sucesso, eu e o Alexandre Gans iniciamos a descida visando contatar táxi para buscar o pessoal; pois havia perdido minhas anotações. Na descida encontramos uma van e pra nossa surpresa, pouco tempo depois a mesma van nos alcançou de volta, trazendo nossos amigos, uma vez que eles negociaram com o motorista quando este chegou lá na Barragem.

Embarcamos na van e assim, seguimos até à Rodoviária de Teresópolis. O Lee e sua esposa Choon logo embarcaram para o Rio de Janeiro e de lá iriam para São Paulo. Nós embarcamos às 17h00 para Petrópolis, aonde chegamos por volta das 18h00. Descemos no Terminal Itaipava e ficamos aguardando o James e o Thiago que seguiram para o Hotel na região dos Correias buscar os carros.

Por volta de 19h30 eles retornaram e deixamos Petrópolis rumo a Belo Horizonte. Logo a chuva nos fez companhia. Após Juiz de Fora paramos em um Restaurante às margens da BR 040, aonde jantamos. Lá despedimos de Thiago, Fabrícia, Sol e Alexandre, pois o Thiago passaria por BH e ainda iria para Patos de Minas naquela noite. Eu prossegui com o James e a Daniele, que me deixou em casa na região da Pampulha por volta de 1h30 da madrugada!

Serviço


Criado em 1939, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos está localizado na região serrana do Estado do Rio de Janeiro e abrange áreas dos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Guapimirim e Magé. Um dos principais atrativos do Parque é a Travessia Petrópolis - Teresópolis. O formato tradicional da Travessia é realizá-la em três dias, percorrendo os cerca de 30 km divididos entre Portaria Petrópolis ao Castelos do Açu no primeiro dia; no segundo dia realizar o percurso Castelos do Açu ao Abrigo 4; e no terceiro e último dia percorrer o trecho de aproximadamente 9 km do Abrigo à Barragem; ou prosseguir por mais 4 km à Portaria Teresópolis (distâncias aproximadas). 

É considerada uma Travessia clássica no Brasil e proporciona amplo e belíssimo visual das serras aos arredores, inclusive da Baía de Guanabara. Além disso possibilita a ida ao topo da Pedra do Sino, com seus 2.275m de altitude, de onde pode-se observar grande parte do trajeto desta Travessia. Com boa infraestrutura, o Parque oferece ao visitante que realiza a Travessia a possibilidade de permanência em abrigos ou a locação de barracas; além da venda antecipada de entradas via internet, permitindo assim o acesso do visitante em horários diferenciados.

A sede principal do Parque fica em Teresópolis, mas há também as sedes de Petrópolis e Guapimirim. E uma curiosidade do lugar é que o nome Serra dos Órgãos não se deve a alguma semelhança com algum órgão de algum corpo, mas sim às suas formações rochosas, que aos olhares dos exploradores se pareciam aos tubos dos grandes órgãos das catedrais da Europa.

► Como chegar e outras informações visite o site do Parque ou visite outras postagens sobre a Travessia aqui no Blog
► Para comprar entradas, acesse www.parnaso.tur.br

Considerações finais


► A Travessia Petrópolis - Teresópolis atualmente não apresenta grandes dificuldades em sua realização. Há a presença de água em vários pontos e a sinalização atual das trilhas é eficiente. A sinalização consta de setas de metal fixadas nas grandes lages (que eram os pontos complicadores) e totens cimentados! 

► O trecho sempre referido como de maior dificuldade nesta Travessia é o Cavalinho, na subida da canaleta da Pedra do Sino. Porém a rocha está estrategicamente posicionada e possui alta aderência, o que facilita a transposição. Para ultrapassá-lo basta um pouco de calma e posicionamento! É um trecho que oferece riscos, mas com cuidado passa-se sem problemas.

► Outro trecho que exige um pouco é o Mergulho, passagem antes do Cavalinho. Fique atento e se for o caso utilize cordas.

► Acima do Cavalinho há uma outra rocha que chamam coice. A transposição/subida requer esforço e impulsão. Fique atento e se for o caso peça sempre auxílio ao companheiro para subir a mochila.

► O elevador é simplório e não apresenta dificuldades em transposição/subida. Na verdade, aquele aparato lá está a fim de se evitar erosões; uma vez que o solo no local é raso. O local que antecede o elevador possui uma ponte que facilita a passagem; não sendo necessário pulos como antigamente. 

► A área de camping mais próxima ao Abrigo do Açu onde ficamos é ruim, com piso muito irregular. Ao questionar isto quando estava no Abrigo 4, um funcionário apenas me disse que aquele não é o camping oficial do Açu (o oficial fica ao lado das pedras do Castelo). 

► O Parque oferece a possibilidade de pernoite nos abrigos. Porém, caso goste de um pouco de privacidade este poderá não ser a melhor opção; especialmente em feriados e fins de semana. O ruído é grande por lá. Para quem quer ir mais leve aconselharia alugar barracas, serviço oferecido pelo Parque! 

► A distância da Travessia é curta: cerca de 30 km aproximadamente. Desse modo e se feita em três dias, há tempo de sobra para curtir cada trecho! 

► Procure fazer suas reservas (especialmente para a travessia) com antecedência, pois do contrário corre-se o risco de não se encontrar entradas disponíveis! Aliás, o assunto ingresso é um ponto nebuloso no Parnaso!

► E nem pense em acampar fora dos locais oficiais. No Parque há somente dois locais: Castelos do Açu e Sino. Já foi a época em que cada um acampava onde queria por lá... 

► O último trecho da Travessia Sino-Portaria Teresópolis é monótono! Pelo menos a mim, que adora um visual aberto e visual ao longe! A trilha é toda entre mata; que é bonita, mas sem janela alguma! Depois de um tempo caminhando o que mais se deseja é chegar ao seu final. Pra piorar, pouco antes da barragem há uma espécie de calçamento com pedras irregulares (para se evitar erosões), que cumprem seu objetivo; porém são ótimas pra causar dores nos pés, escorregões e acidentes. Enfim, sorte que esse trecho pode ser feito em poucas horas! 

► Algo que pode ser necessário, mas também chato é caminhar por paralelepípedos na parte final do Parque, da Barragem à Portaria Teresópolis. Como a estrada é por entre matas, há a formação de lodos em alguns pontos, tornando a caminhada perigosa. Nessa ocasião caminhei por curto trecho e foram vários os escorregões. 

► Para quem chega a Petrópolis de ônibus e queira acessar o Parque, há linha de coletivo da Rodoviária de Petrópolis (também conhecida como Terminal do Bingen) para o Terminal Correias (linha número 150); e deste para o Bairro Pinheiral (linha número 616), deixando o visitante a 1 km da portaria Petrópolis. Porém esta linha tem horários mais escassos. A linha 611 (Corrêas - Bonfim) também pode ser uma opção e oferece mais horários, porém não chega muito próxima à portaria, forçando o aventureiro a caminhar uns 3 km a mais. Informações sobre os horários dos ônibus no site da Prefeitura de Petrópolis

► Leia também nosso relato da Travessia Petrópolis a Teresópolis em dois dias



► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto


Algumas flores que alegraram essa travessia nebulosa! 








Bons ventos!
Última Atualização: Nov 2017

3 Comentários

  1. caro Chico,

    sou o major do Exército Alerrandro. Sirvo no Rio atualmente e pretendo Exec a Trav nos dias 1 e 2 de maio. Um de nós já fez a Trav mais de uma vez e conduziremos carta topo, alem de bussola e outros instr de naveg. Fiquei interessado no seu tracklog da trilha. Parabéns pelo detalhado relato e obrigado pelo apoio.

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    1. Olá Alerrandro, bom dia,

      Fico muito feliz ao ler o seu comentário e mais ainda ao saber que percorrerá terras tão bonitas. Não tenho dúvidas de que se trata de uma das mais belas travessias do Brasil; parodiando aquele viral, é um lugar em que "cada olhar merece um flash".

      Desejo excelente travessia para vocês.
      Te enviei o tracklog ok?
      Caso não tenha recebido o arquivo (do tracklog) devido ao servidor do Blogger, envie-me mensagem com seu e-mail para: chicotrekking@gmail.com que te retornarei.

      E por fim, sou eu quem agradeço pela visita, leitura e pelo comentário.
      Grande abraço, bons ventos sempre!

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    2. Alerrandro,

      Enviei para o seu e-mail o tracklog solicitado.
      Peço desculpas pelo atraso, pois estou em trânsito e assim, nem sempre com acesso à internet.
      Excelente aventura pra vocês ok?
      Abração

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