Pico da Bandeira: o clímax do montanhismo nacional!

Cume do Pico da Bandeira
Localizado na divisa dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, próximo à costa leste do Brasil, o Parque Nacional do Caparaó é uma joia do montanhismo brasileiro.

Criado na década de 60, e possuindo portarias nas cidades de Alto Caparaó (MG) e Dores do Rio Preto (ES), o Parque atrai visitantes de todo o País.

Especialmente porque em seus domínios encontra-se o Pico da Bandeira, terceiro ponto culminante do Brasil, com 2892m de altitude.

Logo, e por tradição, o ponto alto da visita ao Caparaó é subir o Pico da Bandeira e assistir ao espetáculo do nascer do sol desde o seu cume.

Para isto, aventureiros enfrentam o intenso frio da região, caminhando algumas horas madrugada adentro, através de trilhas repletas de rochas soltas e degraus. Isto se justifica, afinal o visual desde o cume é um dos mais significativos de todo o Brasil.

Foi neste lugar mágico que retornei dias atrás, juntamente com novos e velhos amigos.

► Leia também o nosso relato sobre a Travessia do Caparaó, que além de incluir o trecho Alto Caparaó-Bandeira, inclui passagem pelo Pico do Calçado, ida ao Pico do Cristal e a descida até a Portaria Capixaba, também conhecida como Portaria de Pedra Menina ou Dores do Rio Preto.


Rota realizada e disponibilizada no Wikiloc (Incluída em Jan 2016)
Além de possibilitar estudar e visualizar a região, você poderá baixar este tracklog (necessário se cadastrar no Wikiloc); e utilizá-lo no seu GPS ou smartphone (necessário instalar aplicativo).
A rota abaixo refere à Travessia do Caparaó que inclui o trecho da Portaria Caparaó ao Pico da BandeiraBaixando a rota, basta que utilize apenas o trecho desejado. Recomendamos que utilize esta rota como fonte complementar dos seus estudos. Procure sempre levar consigo croquis, mapas, bússola e outras anotações que possibilitem uma aventura mais segura. Melhor planejamento: Melhor aproveitamento.
Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto


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Relato Dia 1


Café no Restaurante Mineiro - Foto: J Amorim

Pouco depois da meia noite do dia 31 de maio deixamos BH rumo a Alto Caparaó, cidade porta de entrada do lado mineiro do Parque Nacional do Caparaó. 

Viagem tranquila pelas BR's 381 e depois 262, por volta de 6h30 da manhã chegamos à agradável e pequenina cidade de Alto Caparaó. O lugar é rodeado por imensas plantações de café; uma das suas marcas.  

Assim que chegarmos na simpática cidade seguimos direto para o Restaurante Mineiro, que fica na Praça Central de Alto Caparaó.


Lá já nos esperava a Dona Elci, proprietária do Restaurante Mineiro. Gentilmente nos preparou uma boa mesa de café da manhã, pois naquele dia não haveria almoço. O café e as guloseimas estavam apetitosos e foram devorados com fervor!

Portaria do Parque em Alto Caparaó - Foto: J Amorim
Após o café da manhã, enquanto o pessoal curtia a pracinha, juntamente com o motorista  me dirigi à loja Fruto da Terra para retirar alguns equipamentos que havia alugado para a pernada.

Rapidamente retornamos à praça e tomamos rumo ao Parque Nacional; onde chegamos em poucos minutos.

Enquanto o carro manobrava e estacionava a carretinha de cargas em um local apropriado, pois o Parque não autoriza que esse tipo de veículo circule em suas estradas internas, fiz os trâmites burocráticos do grupo.

Logo reembarcamos, agora apertados pelas cargueiras e mochilas. Tomamos rumo ao Camping da Tronqueira, ponto máximo dentro do Parque aonde se pode chegar de carro.

Vale do Caparaó visto do Mirante a caminho da Tronqueira
A estrada para o Tronqueira é 95% de chão batido. No início é a mesma estrada com calçamento que leva até o Vale Verde.

O Vale Verde é um lugar aprazível, arborizado, com um conjunto de riachos, corredeiras e espaço para churrasqueiras dentro do Parque. Esse lugar se assemelha a um parque urbano.

Aproximando do Vale, há a bifurcação sinalizada à esquerda que segue para o Camping da Tronqueira. Começa aí o trecho íngreme e praticamente de chão batido por todo o percurso.

Carro cheio, fomos subindo lentamente. Aos poucos, o Vale do Caparaó foi se despontando por entre as árvores que ladeiam a estrada.

Já na parte final da subida fizemos uma parada no Mirante da Estrada, de onde se tem bonito visual da cidade lá embaixo e das montanhas nos arredores. Reembarcamos e por volta de 9h30 da manhã chegamos ao Camping da Tronqueira.

Cachoeira Bonita
Ao desembarcarmos no Camping da Tronqueira e como já havia sido combinado nos dias anteriores, procurei o Fabiano, que é autorizado a fazer transporte de materiais em mulas pelas trilhas do Parque (Atualização Abr 2015: não é mais permitida a utilização e circulação de animais de carga pelo Parque Nacional do Caparaó).

Encontrei seu parceiro próximo ao depósito local, nas escadarias de acesso à trilha para o Camping Terreirão. Por lá deixamos as nossas poucas tralhas que seguiriam via mulas: umas 5 barracas, alguns sacos de dormir e alguns isolantes.

Aproveitamos que nosso transporte retornaria para a cidade de Alto Caparaó pela mesma estradinha de acesso e pegamos uma carona até 1 km abaixo do Camping da Tronqueira. Iríamos visitar a Cachoeira Bonita.

Em minutos chegamos à bifurcação à direita de quem desce sentido cidade. Despedimos do motorista e caminhamos uns 500m em trilha limpa e ampla até a Cachoeira Bonita.

Realmente a queda faz jus ao nome. Trata-se das águas do Rio José Pedro, divisor natural dos Estados de Minas e Espírito Santo. Naquele ponto as águas escorregam pela rocha inclinada em duas seções, formando ao seu final um poço de água límpida e transparente, porém gelada. Após a cachoeira, o rio segue seu leito entre rochas, formando pequenos poços.

Alguns mais corajosos se animaram e adentraram na água; enquanto a maioria preferiu apenas curtir e apreciar o singelo lugar... Permanecemos na Cachoeira Bonita em torno de 1h30; quando inciamos retorno para o Camping da Tronqueira; algo feito em poucos minutos.

De volta ao Camping aproveitamos para ir ao Mirante da Tronqueira. Do lugar se tem belíssima vista de todo o Vale do Caparaó, aonde está a cidade de Alto Caparaó; além das montanhas acima, com seus sopés repletos de plantações de café.

O Vale Encantado visto da trilha para o Terreirão
Passava do meio dia quando deixamos o Tronqueira e iniciamos nossa subida rumo o Camping do Terreirão. Esse camping é base para ataque ao Bandeira e somente pode ser acessado a pé!

Tínhamos como objetivo passar pelo Vale Encantado, que é um recanto com poços de águas transparentes localizado no mesmo Rio José Pedro, à esquerda de quem sobe a trilha em direção ao Terreirão.

Mas ao passarmos pela bifurcação de acesso ao Vale Encantado decidimos deixar a visita ao lugar para o dia seguinte quando do nosso retorno.

Assim, prosseguimos na bem marcada trilha. Logo acima fizemos rápida parada no Mirante do Vale Encantado para observar as águas lá embaixo.

Importante ressaltar que a trilha é bem marcada e não oferece possibilidades de erros. Diferente de dois anos atrás, agora encontramos a trilha bem mais cuidada. Notamos alguns esforços para conter erosões em determinados pontos, com a colocação de madeira formando degraus.

A araucária solitária, símbolo no trajeto Tronqueira-Terreirão
Durante a subida o sol estava forte e fomos subindo sem pressa. Não existem bifurcações neste trecho: a trilha segue sempre à margem esquerda do Rio José Pedro, ou seja, pelo lado mineiro.

Ao chegarmos na famosa Araucária solitária, referência desse trajeto, fizemos uma parada num banco de madeira à beira da trilha. Mais uma novidade por lá.

Retomamos a caminhada e pouco adiante a trilha torna-se mais íngreme, mas sem exageros.

Nesse ponto, troquei de cargueira com o James: enquanto a minha estava leve, a do James pesava uns 25 kg... Também pudera, ele estava levando toda a janta e café da manhã de 13 almas eheheh...

Sol do entardecer no Camping Terreirão visto desde o morrote à sudeste
Duas horas depois de deixarmos o Camping da Tronqueira vencemos os 3,7 km de trilha e chegamos ao Camping Terreirão. Como chegamos cedo, o lugar estava vazio, com apenas algumas barracas.

Logo escolhemos o lado direito para armar o acampamento, fora da passagem das pessoas que se dirigem ao Bandeira.

Armamos acampamento com tempo de sobra para fazer um café, lanchar e depois ir curtir o por do sol. A temperatura começou a cair rapidamente, como é de costume quando se está a quase 2.300m de altitude.

O por do sol desde o Terreirão
Fomos para as rochas atrás da Casa de Pedra, que é o melhor ponto para curtir o por do sol quando se está no Terreirão.

Enquanto a turma se ajeitou pelo capim, eu saí pelo cume do morrote indo em direção a outro ponto alto ao sul do Terreirão.

No trajeto mato adentro reencontrei o Fernando, meu amigo de BH que também estava por lá e que corria com seu aparato fotográfico para registrar o belo entardecer!

Segui adiante e quando o sol já se escondia, dei falta das minhas luvas! Havia perdido no vara mato. Mas acabei reencontrando logo depois: sorte grande!

Fui então ao encontro do grupo e logo descemos para o acampamento para procedermos o jantar.  A janta coletiva de montanha seria uma sopa com legumes, massa e carne.  

Nem precisa dizer, mas o frio baixou de vez no Terreirão. Minutos sem luvas e os dedos formigavam! Mesmo assim, alguns corajosos ainda foram tomar banho na água gelada do Terreirão...

Como a temperatura baixou de vez, a preparação do jantar demorou um pouco mais que o esperado. Utilizamos uma das mesas grandes do Terreirão, dividindo com alguns amigos que jogavam cartas na outra ponta. Outros amigos sumiram nas barracas para se abrigar do frio...

rastros de geada na barraca
Janta pronta, rapidamente aqueceu nossas panças... Após não tivemos muito o que fazer.

Naquela friaca e após algumas fotos, por volta de 21h00 todos já estavam dentro das barracas. É sério, fazia muito frio no Terreirão naquela noite. A geada comia solta.

Fui dar uma volta pelo imenso camping que estava com poucos "moradores" naquele dia. Esperava que tivesse mais cheio, pois era um sábado.

Havia na extremidade sul do camping um grupo grande de BH. Na outra extremidade alguns paulistas e mineiros do interior.

Próximo à Casa de Guardas também haviam barracas, mas bem menos que da última vez que estive por lá. Inclusive a Casa de Pedras estava silenciosa naquela noite...

Após ajeitar as tralhas também fui me acomodar. Foi uma noite tranquila, apesar da friaca intensa...

Relato Dia 2


Por volta de 2h00 da manhã acordei com os passos de parte dos acampados já se dirigindo à trilha de subida ao Pico da Bandeira.

Já havia avisado aos amigos que só levantaríamos às 2h30, simplesmente porque não faz sentido levantar antes desse horário! Na hora combinada, me levantei, acho que fui o último. O frio era intenso e uma generosa camada de geada cobria as barracas e objetos!

Sem delongas e juntamente com o James fomos preparar o café da manhã do grupo. O tempo voou e quando vi já era 3h30 da madrugada. Apressei o pessoal e eles foram se concentrar lá próximo aos sanitários, na direção da trilha do Bandeira.

Guardei as tralhas e pontualmente às 3h35 deixamos o Terreirão rumo ao Pico. O Terreirão ficou silencioso, fomos o último grupo a deixar o lugar...

Logo no início da trilha o grupo se dividiu: enquanto uns mais apressados foram adiante, eu fiquei na rabeira, subindo calmamente, pois tínhamos tempo de sobra.

Aproximadamente 1km acima do Terreirão é a região conhecida por Barro Preto, pois na época das águas fica barrento. Alguns metros antes há um lajeado em aclive e a trilha passa por ele.

Lá estavam os adiantados do nosso grupo junto a mais uma fila de aventureiros. Estavam na dúvida quanto ao rumo da trilha. Mostrei a direção e rapidamente voltaram a caminhar.

Nós mantivemos nosso ritmo: Eu, Fábio, Solimar, Teresinha e Raquel. Fomos alternando com outro grupo grande: ora adiante, ora atrás. Em certo ponto passamos adiante! E assim nos mantivemos, com algumas paradas até o cume.

Ao chegar no topo, o prenúncio do sol
Nós que subimos tranquilos e sem pressa chegamos ao cume do Bandeira às 5h45 da manhã. O pessoal da dianteira já estava por lá a pelo menos meia hora.

Quando chegamos, o colorido do céu já anunciava a vinda do sol. Enquanto alguns foram para o cume da Cruz, nós dirigimos para o lado leste, abrigados do vento, próximo à torre de aço. Permanecemos aguardando o nascer do sol.

O topo do Bandeira é irregular. Na parte mais alta do cume há um Cruzeiro. Na parte mais baixa há uma mini estátua do Cristo Redentor; além de uma torre de metal. À oeste, à beira da trilha de descida há ruínas de uma antiga construção. Dizem que no passado ali seria instalado um retransmissor de rádio/TV.

Permanecemos quietos no lado leste, pois mesmo abrigados, fazia muito frio e o vento oeste era cortante. Mesmo sob essas condições, alguns ficaram fazendo peripécias pelo topo, como nosso amigo Anderson...

Brilhou forte
Bem abrigados, às 6h15 despontou ao longe os primeiros raios do sol. Fotos, vivas e sorrisos se misturavam. É uma particularidade do Bandeira!!!

Realmente é um lugar contagiante, basta ver a alegria estampada no rosto das pessoas, mesmo sob temperatura negativa e quilos de roupa de frio!!! Simplesmente sensacional.

O Frade e a Freira
Pedra Rocha, Tesouro, Tesourinho
Calçado e Cristal
De toda forma fomos privilegiados. Na nossa visita o tempo estava totalmente aberto, apenas com alguma neblina em pontos isolados e mais baixos do lado capixaba. Nada daquela nuvem de algodão doce cobrindo a paisagem...

Era possível observar com nitidez o mar de morros capixaba à leste. À oeste lá estavam os Picos do Calçado (espécie de ombro do Bandeira) e Cristal, vistos sem nenhum impedimento.

Ao norte, os picos da Pedra Rocha, Tesouro e Tesourinho. À Noroeste era possível ver o Cruz do Negro, além do "buraco" aonde localiza-se o Camping do Terreirão e a direção de Minas Gerais a perder de vista... 

Pico Cruz do Negro. O Terreirão localiza-se no vale na sombra do Pico
Passado o furor da chegada do sol, sem pressa nenhuma, ficamos por lá nos aquecendo.

Quando a maioria das pessoas já havia deixado o topo, nos dirigimos para o cume da Cruz, que é o ponto mais alto do Bandeira. Agora teríamos mais liberdade para curtir o visual e tirar fotos...

Por volta de 8h00 da manhã fomos o último grupo a deixar o cume. Descemos até a bifurcação para Casa Queimada e tomamos a trilha que segue para o Espírito Santo, pois pretendíamos ir ao Pico do Calçado.

Ao chegarmos no Calçado Mirim, uma espécie de ombro do Bandeira, a neblina ameaçou cobrir o Pico.

Então, decidimos não ir ao Calçado, nos contentamos com o visual do paredão sul do Bandeira desde o Mirim e iniciamos retorno para o Terreirão.

A descida foi tranquila e rápida. Às 10h00 botamos os pés de volta ao Terreirão. Rapidamente desarmamos o acampamento. Eu e o Rodolfo fomos os últimos a deixar o lugar.

Igualmente foi rápida a descida em direção ao Camping da Tronqueira. Meio dia estávamos na bifurcação de acesso ao Vale Encantado.

O tempo havia mudado e estava nublado. Enquanto alguns preferiram descer direto para o Tronqueira, outros foram para o Vale Encantado.

Preferi seguir para o Vale Encantado. Juntamente com o Anderson e o Jonas ficamos mais tempo por lá. Eles tiveram coragem e  enfrentaram as águas geladas do José Pedro...

Por volta de 13h15 retomamos a caminhada e em quinze minutos botamos os pés no Camping da Tronqueira.

Paredão do Bandeira visto da trilha para o ES
Ajeitamos as tralhas e permanecemos no camping aguardando o nosso resgate, que chegou por volta de 14h20.

Embarcamos e seguimos direto à portaria do Parque. Fiz os trâmites burocráticos de despedida e partimos para o centro de Alto Caparaó. Nova parada no Restaurante Mineiro, dessa vez para almoçar.

Após o almoço, fiz a devolução dos materiais locados e pé na estrada.

Às 16h20 deixamos Alto Caparaó com destino à Belo Horizonte. Foi a viagem de retorno mais silenciosa que já vi: todo mundo dormiu feito anjos eheh...

Seguimos non stop até João Monlevade, aonde paramos para esticar as pernas. Novamente na estrada, por volta de 22h30 já estávamos de volta na barulhenta Belo Horizonte.

Uma das últimas vistas abertas do Bandeira na volta ao Terreirão
Sem dúvidas foi uma pernadinha marcante. Por mais que existam outros lugares belíssimos no Brasil, o Caparaó é diferenciado.

Tudo por lá gira em torno do Parque. As pessoas falam com satisfação do lugar. Se sentem donos daquele espaço. E têm orgulho disso.

Além desse aspecto é um lugar democrático, que certamente já despertou e despertará muitos para o Montanhismo.  Não é exagero afirmar que o Bandeira é mesmo o clímax do Montanhismo brasileiro!

Agradeço a gentileza da cia dos amigos. Como é costume, pernadas pelo Parque Nacional do Caparaó resultam em excelentes experiências de grupo e grande oportunidade para aprendizagens...

Serviço


Criado em 1961, o Parque Nacional do Caparaó está localizado na divisa dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, região sudeste do Brasil, próximo à costa leste brasileira. A maior parte da área do Parque está no Estado do Espírito Santo.

Como se encontra na divisa de Estados, o Parque possui dois acessos, um pelo lado Mineiro (portaria Caparaó, na cidade de Alto Caparaó, distante 3 km do centro da cidade), aonde também fica a sede do Parque; e outro pelo lado Capixaba (portaria Pedra Menina, localizada a 10 km do Distrito de Pedra Menina, município de Dores do Rio Preto). Em ambas portarias o acesso se dá por estradas asfaltadas ou com calçamento.

Limites do Parque (ICMBIO) e nosso trajeto no GE
Sendo uma ramificação da Serra da Mantiqueira, a vegetação predominante da região é do tipo Mata Atlântica, com formação de arbustos nas áreas de maior altitude.

Já o clima é o tropical de altitude e no outono e inverno são comuns as temperaturas negativas.

O relevo é movimentado, com altitudes superiores a 2000m nos topos. O Parque concentra vários picos dentre os mais elevados do Brasil. Destaque para o Bandeira (2892m, o terceiro do Brasil); Pico do Calçado (2849m) e o Pico do Cristal, o ponto culminante inteiramente em território do Estado de Minas Gerais (2798m). Há outros picos no Parque, como o Cruz do Negro (2658m); da Pedra Roxa (2649m); do Tesouro (2620m) e do Tesourinho (2584m).

Além dos atrativos de altitude, o Parque possui outros que poderíamos classificar como um Circuito das Águas.

Pelo lado mineiro, destaque para o Vale Verde, local próximo à portaria Caparaó, como pequenas quedas d'água, corredeiras, vestiários e área para churrasqueiras; além da trilha de curta distância para a Gruta do Jacu.

Já o Vale Encantado é outro ponto com poços para natação ou mesmo curtição, localizado aproximadamente 500 metros acima do Camping Tronqueira. Já a Cachoeira Bonita localiza-se cerca de 1 km antes do Camping Tronqueira, sendo a mais alta do Parque, com cerca de 80 metros.

Pelo lado capixaba há também várias cachoeiras, destacando as Cachoeiras dos Sete Pilões, Farofa e a do Aurélio.

Camping - lado mineiro


Camping do Terreirão
Casa de Pedra no Terreirão
Camping da Tronqueira: localizado a 1970m de altitude, a 6 km acima da portaria Caparaó.

É um camping intermediário próximo ao Vale Encantado e Cachoeira Bonita, por isso amplamente utilizado por quem deseja apenas curtir esse atrativo do Parque.

Também pode ser utilizado como base para vista ao Pico da Bandeira, em especial por aqueles que não desejam transportar equipamentos (peso) para o Terreirão. Pode ser alcançado à pé ou de automóvel.

Camping do Terreirão: localizado a 2370m de altitude, a 3,7 km acima do Camping da Tronqueira.

O Terreirão é o camping base do Bandeira; e somente pode ser alcançado a pé mediante caminhada em trilha definida e demarcada.

É onde fica a curiosa Casa de Pedras, espaço utilizado para caminhantes em trânsito rumo ao Bandeira ou mesmo durante Travessia para o Espírito Santo.

Infraestrutura


Em todos os camping há estrutura de sanitários, chuveiros, pias para lava pratos, algumas mesas fixas e casas de apoio do Parque.

No Terreirão há ainda o antigo abrigo de visitantes (atual casa de apoio aos guias locais); além da Casa de Pedra, um local destinado a abrigar àqueles que desejam ir ao Bandeira e estejam sem barracas.

Ambos os camping possuem área superior a 1000m² disponíveis para acampamentos. Enquanto na Tronqueira há um banho com água aquecida, no Terreirão todos os chuveiros são abastecidos com água fria; pois o sistema de aquecimento foi vandalizado.

O acesso/trilha para o Pico da Bandeira - lado mineiro


Trajeto Alto Caparaó-Bandeira no GE
O lado mineiro é o mais visitado do Parque, cuja portaria fica a cerca de 3km do centro de Alto Caparaó via estrada com calçamento. É também em Minas Gerais que fica a sede do Parque.

Após a portaria, prossegue a estrada com calçamento por cerca de 500m, quando se deve deixá-la e tomar a bifurcação sinalizada à esquerda, entrando na estrada de chão batido.

Essa estrada é íngreme e levará até o Camping da Tronqueira, ponto máximo que se pode chegar de carro. 

Vale do Rio José Pedro, rota do trecho Tronqueira-Terreirão
Do Camping da Tronqueira deve-se dirigir para o Camping Terreirão a pé.

A trilha é batida, sinalizada e não oferece possibilidade de erros. O estado da trilha é razoável, com alguns trechos com rochas e erosões, que atualmente vem sendo combatida.

O ganho de altitude é pequeno: 400m em 3,7 km, portando, não há subidas íngremes no trecho.

Há água do Rio José Pedro bem próxima à trilha em alguns pontos. Trecho com sombra em apenas alguns pontos.

Trecho da trilha na rota Terreirão-Bandeira (ao fundo)
Do Camping Terreirão para o Bandeira a trilha é um pouco mais íngreme: ganha-se 520m de altitude em 3,2 km.

A quantidade de pequenas rochas no trajeto, além de degraus torna a subida um pouco mais exigente que o trecho anterior Tronqueira ao Terreirão. Em especial nos metros finais após a bifurcação da trilha para Casa Queimada, já aos pés do Bandeira. Nesse ponto, deve-se tomar a trilha da esquerda.

Não há água no trecho Terreirão ao Bandeira, portanto abasteça. Trecho totalmente ausente de sombras.

Igualmente sinalizada em todo o percurso, dessa vez com estacas de madeira e pinturas amarelas nas rochas lindeiras, esse trecho não oferece dificuldades nem risco de erros.

Exceção é um trecho lajeado metros antes do local conhecido como Barro Preto, cerca de 1 km acima do Terreirão. Apesar da sinalização, muitos se direcionam para à esquerda, sentido do Pico Cruz do Negro, quando na verdade deve-se permanecer mais à direita. Mas esse erro somente acontece com novatos; em períodos noturnos ou sob neblina. 

Distâncias - Lado Mineiro

Cidade referência: Belo Horizonte
Belo Horizonte a Alto Caparaó: 330 km (asfalto)
Centro de Alto Caparaó à Portaria do Parque: 3 km (trecho urbano, com calçamento)
Portaria do Parque em Alto Caparaó ao Camping Tronqueira: 6 km (5,5 km estrada de terra)
Camping Tronqueira ao Camping Terreirão: 3,7 km (somente trilha)
Camping Terreirão ao Pico da Bandeira: 3,2 km (somente trilha)

Como chegar e voltar - Lado Mineiro - De ônibus

Cidade referência: Belo Horizonte


Viação Pássaro Verde até Manhumirim → Viação Rio Doce até Alto Caparaó → Táxi ou à pé até Portaria do Parque

► Confira os horários e frequências nas empresas de ônibus.
► É possível alugar veículo jipe ou 4 x 4 para chegar até o Camping da Tronqueira.

Como chegar e voltar - Lado Mineiro - de carro

Cidade referência: Belo Horizonte

Belo Horizonte → Manhuaçu → Manhumirim → Alto Jequitibá → Alto Caparaó

► Confira o Mapa Rodoviário de Minas Gerais, que poderá orientar o seu deslocamento.  

Considerações Finais


► Agendamento: Para se visitar o Parque Nacional do Caparaó é necessário agendar a visita. Faça sua reserva diretamente no Site do ICMBIO, preenchendo o formulário. Aguarde e o Parque Nacional responderá confirmando a sua reserva. Entre 10 e 5 dias antes da sua visita você deverá reconfirmar sua ida respondendo ao e-mail enviado pelo Parque. Se não fizer esta reconfirmação, a sua reserva será automaticamente cancelada. As taxas de ingresso e camping são pagas em espécie no dia do início da visita, diretamente na Portaria; e não antecipadamente.
►Atualização Maio 2019: Atualmente as reservas estão sendo feitas via e-mail e não mais diretamente no site do ICMBIO. Visite o Guia do Visitante e atualize o contato.
  
► Contato: telefone de contato do Parque Nacional do Caparaó  32 3747 2086. Ao ligar, confirme também os valores de entrada e pernoite no Parque.
► Atualização Maio 2019: Atualmente não estão sendo cobrados acesso e acampamento no Parque.

► Horário de funcionamento: de domingo a sábado, das 07h00 às 18h00.

► Restrições: Fique atento às seguintes restrições:
►► Proibida a entrada de bebidas alcoólicas.
►► Proibida a entrada de motocicletas.
►► Proibida a entrada de veículos tipo ônibus, microônibus e vans acima de 15 lugares.
►► Não é permitido armar barracas na Casa de Pedra ou nos arredores do banheiro no Camping Terreirão; ou nos topos dos picos.
►► Não é permitida realizar a antiga trilha direto Terreirão-Cristal.
►► Não é permitida realizar a antiga trilha do Lehugo.
►► Não é permitida visitação em outros Picos do Caparaó, exceto para fins de estudos ou pesquisas.

► Locais de Visita: Os únicos picos liberados para visitação pública no Caparaó são o Bandeira e o Calçado, que é passagem obrigatória para quem vem do Espírito Santo.

► Abrigo de Visitantes do Camping Terreirão: não está mais disponível para locação. O espaço agora é ponto de apoio dedicado aos Condutores Locais credenciados no Parque. 

► Temperatura: se irá visitar o Caparaó no outono/inverno prepare-se para enfrentar o frio. É sério, apesar das temperaturas não caírem a níveis absurdos, a região é elevada, então há a presença de vento, que aumenta a sensação de frio. Já presenciei 6 graus negativos no Camping Terreirão sob vento e chuviscos. É algo que o brasileiro não está acostumado. Vista-se adequadamente.

► Vestimenta para ataque ao Bandeira: Ao subir o Bandeira pela madrugada, deixe o Terreirão vestido apenas com um corta vento ou outra blusa fina. Leve blusas grossas e afins para vestir somente quando chegar ao cume.

► Horário para ataque ao Bandeira: Se vai curtir o nascer do sol no Pico da Bandeira no outono ou inverno, períodos em que o sol nasce após às 6h00 e és um trekker experiente, somente deixe o Terreirão por volta das 4h00 da manhã. Se subir antes desse horário fique claro que você enfrentará por mais tempo o frio e o vento gelado do Bandeira antes do nascer do sol. Se você é iniciante em caminhadas, em especial caminhadas noturnas, saia por volta de 3h30. Você poderá subir com tranquilidade a tempo de ver o sol nascer! Mas lembre-se, esse tempo leva em consideração que você não irá se perder, nem fazer grandes paradas no trajeto.

► Água para ataque ao Bandeira: não se esqueça de levar água, pois não há fontes seguras no trajeto. 

► Lanternas: Teste suas lanternas antes das subida, pois necessitará dela em funcionamento. E prefira as de cabeça.

► Cuidado com animais nos camping: Ao deixar barracas em algum camping para uma caminhada, embale seus alimentos e coloque dentro de mochilas para evitar atrair os Quatis, animais muito comuns na região. Atrás de alimentos eles podem até furar sua barraca.

► Alimentação, Transporte e Camping dentro da cidade de Alto Caparaó: O Restaurante Mineiro (telefone 32 3747-2604, Dona Elci, proprietária) localizado na Praça Central de Alto Caparaó fornece café da manhã e almoço (muito bons e a preços justos). Também disponibilizam aluguel de jipes, veículo muito utilizado para transportar aventureiros Alto Caparaó-Tronqueira. Também possuem área de camping em pleno centro de Alto Caparaó.

► Hospedagem: há diversas pousadas e hotéis em Alto Caparaó, quase todos localizados na cidade ou nas imediações, atendendo a diversos públicos ou bolsos.

► Locação de Equipamentos: A Loja Fruto da Terra (32 3747-2676, Dalmes, proprietário) possui barracas, isolantes e sacos de dormir para locação; além de outros itens. 

► Aluguel de Mulas: amplamente utilizado no lado mineiro. Sob protesto de alguns, eu não sou rígido a esse ponto. O uso de animais para transporte de equipamentos em trilhas é usado no mundo todo. Além disso, gera emprego e renda. Só não vale abusar! Contato com Fabiano: 32 8445-9903
►►Atualização Abr 2015: não é mais permitida a utilização e circulação de animais de carga pelo Parque Nacional do Caparaó. 

► Comunicações: Há sinal de telefonia móvel Oi no Camping da Tronqueira; e Oi e TIM no Camping Terreirão. Já no centro da cidade de Alto Caparaó no fundo do Vale só funcionam celulares da Claro; ou TIM 4G. 

► Apesar de estar com algumas informações desatualizadas, o Guia do Visitante elaborado pelo ICMBIO contém várias informações adicionais sobre o Parque Nacional do Caparaó. 

► Leia também o nosso relato sobre a Travessia do Caparaó, que além de incluir o trecho dessa viagem, inclui ida ao Pico do Cristal e descida até a Portaria Capixaba, também conhecida como Portaria de Pedra Menina ou Dores do Rio Preto.


► Pratique a atividade aplicando os Princípios de Mínimo Impacto

Bons ventos!!!
Última Atualização: Maio 2019

6 Comentários

  1. Sem palavras Francisco! Juro... Ao longo da leitura minuciosa que fiz deste artigo, precisei, em pelo menos dois momentos, respirar e retornar à concentração, pois senti que estava novamente subindo o Bandeira... meus olhos se encheram de lágrimas... e o coração pulsou forte.

    Usando uma fala do Gans: "It is not the mountain we conquer but ourselves. Doidimais!". Jamais esquecerei deste momento, desta Expedição, dos amigos por lá conquistados.

    Daquele dia em diante, toda vez que avistar um nascer do sol, irei ouvir em mente aquela sonoridade de aplausos ouvidos durante os primeiros segundos em que o Deus Sol surgiu para todos nós do alto do Bandeira e agradecerei pela oportunidade de novamente avista-lo.

    Eternamente grato!

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    1. Olá Anderson,

      Nem imagina quanto fiquei muito feliz ao ler o seu comentário.

      As conquistas naturalmente fazem parte das nossas vidas, mas a conquista íntima, pessoal é algo extremamente difícil... Digo difícil porque se passa diante de momentos simples, muitas vezes em frações de segundos, que quase sempre nos passam despercebidos. Requer sobretudo abertura de coração...

      E essa satisfação por ser testemunha de fatos como aquele ocorrido ao raiar do sol no Bandeira nos transmite uma paz profunda que só posso definir como sendo uma conquista pessoal e íntima! É algo difícil de explicar... Talvez a fluência da emoção seja mesmo a maior prova de expressão dessa satisfação!

      E isto é tão significativo que somos capazes de mudar opiniões e atitudes para o resto de nossas vidas. Fico imensamente feliz que tenha se sentido tocado naquele momento simples e singelo, mas de uma simbologia ímpar...

      Muito mais que subir a montanha e ter um visual belo, estar ali naquele momento, cercado por pessoas diferentes, mas unidas em um único objetivo é algo especial. E tenhas certeza, cada volta ao Bandeira sempre será uma experiência única e renovadora. O Bandeira é isto Anderson: um lugar mágico!

      Obrigado ainda por permitir aquele intensa convivência. Também nunca, jamais esquecerei os passos vividos por lá nesses dias. Foi muito especial Anderson, igualmente sou grato!
      Agradeço pela visita, pela leitura e pelo comentário.

      Forte abraço e até logo mais!

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  2. Fantástico!!! é mais um que está na lista já faz um tempo... Bela viagem!!!

    abraço

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    1. Eita,

      Então vai mesmo porque esse lugar é show!
      Fique ao menos uns dois dias, suficientes para você dar uma geral pelos lados mineiro e capixaba e ir em outros picos.

      Obrigado pela visita e fidelidade Daniel, abração

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  3. não sei porque, mas não me canso de ler esse relato e assistir o video que fizemos!!!! e como se pudesse reviver cada segundo novamente!!!!

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    1. O meu amigo,

      Realmente é um lugar pra se ir mil vezes; e pra ler e reler as anotações igualmente... Gosto demais daquele lugar...

      Abração

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